Os Buscapé invadem Paris

postado em: França, Paris | 3
Vir à França e conhecer a capital é praticamente uma obrigação pra qualquer turista que se preze,  mas que fique bem claro desde já que a França é muito mais que Paris (muito mais mesmo!), mas não poderíamos deixar de levar mamis, irmão e cunhado pra conhecer a cidade luz.

A aventura começou na sexta, 07/01 no final na tarde com a arrumação de mochilas e, claro, malinha da Luna, que não podia deixar de ir. A programação era corrida: fazer o jantar pra tropa antes das 18h30 pra poder conseguir sair de casa antes das 20 horas, deixar o carro no estacionamento da estação de trem à partir das 20h30 e embarcar às 21h12 (os horários de trem são picados assim mesmo). A chegada em Paris estava prevista pra 00h16 (parece horário de mentiroso) e hotel ficava não muito longe da estação onde chegaríamos, então decidimos ir andando.

Chegamos à estação de Aix pra esperar o trem, com muitas mochilas, tripés e bolsas de câmera fotográficas, Luna e suas malinhas (uma pra ração e vasilhinhas, outra pra ela ser carregada dentro), e sentamos depois de arranjar devidamente todos os nossos pertences. Neste momento, Bernardo olha todo aquele amontoado de coisas e no dá o codinome de família buscapé. Embarcamos e nos instalamos em nossos devidos lugares no trem e em três horinhas os buscapé chegaram em Paris, sem o mapa do hotel, só pra ajudar um pouco a situação. GPS funciona na hora que quer, e foi exatamente isso que aconteceu: quando iniciei o meu, ele ainda indicava minha posição em Montpellier…

Assim que o GPS resolveu funcionar pedi o percurso pro hotel iniciamos nossa caminhada. Pra minha sorte, o Google fez um grande favor e nos presenteou com o Street View, que usei pra identificar alguns pontos de referência no caminho caso o GPS não funcionasse, e depois de poucos passos identifiquei o primeiro desses pontos, o que me deixou bem mais tranquila. Chegamos ao hotel já sabendo onde tinha um Mc Donald’s pras horas de desespero e onde ficava a estação de metrô (a linha perto do hotel não passa na estação onde chegamos).  Fizemos nosso check-in super tardio (eu já tinha ligado pro hotel avisando que nossa chegada seria beeeem tarde pra não corrermos o risco de perder a reserva), deixamos as bagagens nos quartos e corremos pro Mc Donald’s, que fechava às 2h da madruga (já era mais de uma hora quando finalmente chegamos ao restaurante). Pedimos tudo e voltamos pro hotel pra comer e dormir, o sábado começaria muito cedo e tínhamos três dias pra conhecer as principais atrações de Paris.

Antes de iniciar o relato sobre os museus e monumentos visitados, preciso esclarecer algo sobre mim: quem me conhece sabe que sou uma pessoa mega ansiosa, sofro horrores por antecipação, quero fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo e sou muito emotiva. Isto posto, a tarefa de organizar a viagem pra Paris não foi fácil por vários motivos:

  • primeiro: estava levando três pessoas pra conhecer a cidade pela primeira vez;
  • segundo: queria que Bernardo fosse em alguns lugares que eu já conhecia, mas ele não;
  • terceiro: meu joelho ainda não estava 100% e Paris requer muuuuuuita caminhada;
  • quarto: esquematizei um roteiro aberto à modificações, mas se alguma atração principal ficasse de fora eu não me perdoaria.
O roteiro que eu tinha montado à partir dos interesses dos buscapé era o seguinte: Louvre, Musée de l’Armée e tumba de Napoleão, Museu d’Orsay, Praça da Bastilha, Moulin Rouge, Notre Dame, Sainte-Chapelle, Saint-Sulpice, Notre Dame de la Médaille Miraculeuse, Sacré-coeur, Arco do triunfo, Palácio de Versailles e, claro, torre Eiffel. Selecionei a ordem de acordo com a proximidade dos lugares, mas marquei o Louvre pra manhã de sábado e Versailles pra manhã de domingo.

No sábado cedo cinco zumbis e uma cachorra dentro de uma bolsa confortável se dirigiam à estação de Lyon em torno das oito horas da madrugada (no inverno, nessa hora ainda é madrugada, o sol nem se dignou a nascer). No caminho, paramos numa padaria pra comer alguma coisa, e logo ao chegarmos à estação fomos ao posto de informação de turismo pra providenciar nosso passaporte pros museus e também nosso passaporte de metrô pros três dias. Fica a dica: Paris Museum Pass, que dá acesso à várias atrações e sai mais em conta do que pagando separadamente por cada uma delas (exemplo: nosso passaporte de dois dias custou 35€. A entrada pra Versailles custa 18€, Louvre sai por 10€ e a subida no Arco do triunfo fica por 9€, o que compensa a compra do passaporte. A torre Eiffel não está incluída.) e Paris Visite, passaporte que garante acesso aos metrôs e trens (dentro de uma área específica, de acordo com a tarifa) e ônibus de Paris, com validade por períodos variados (escolhemos o de três dias).

Depois de comprados os passaportes, embarcamos pro nosso primeiro destino: Museu do Louvre. Chegamos exatamente às 9h05 na entrada pelo Carrousel do Louvre, onde fica a pirâmide invertida, e a entrada estava incrivelmente vazia. Fiquei satisfeita por ter escolhido a visita ao museu cedo porque não teria multidões de turistas entulhando as salas e dificultando a visualização das obras mais procuradas. Já cheguei lá pronta pra esperar o pessoal do lado de fora com a Luna, que não pode entrar em museus, detalhe que eu já sabia, e como já tinha visitado o museu duas vezes e em breve devemos voltar a Paris, terei outras oportunidades pra passear por outros corredores do castelo.

Enquanto esperávamos os buscapé desbravarem as belezas expostas no interior do palácio, eu e Luna fomos passear pelo jardim de Tuileries, que eu nunca tinha visitado, apesar de ficar ali, a dois passos da pirâmide. Essa era minha terceira vez em Paris mas foi a primeira em que tive a oportunidade de passear tranquilamente por alguns lugares enquanto o pessoal visitava outros que eu já conhecia. Soltei a Luna no jardim e ela correu e correu feliz enquanto caminhávamos sem pressa em direção à Place de la Concorde. Fiquei umas boas horas tirando fotos e me sentindo um pouco parisiense ao contemplar a paisagem da cidade na manhã de sábado. Ao caminhar de volta ao museu fui informada por uma segurança do jardim que eu deveria carregar a Luna, já que cães não eram aceitos ali. Menos mal isso ter acontecido bem depois de ela ter corrido feliz por ali.

Nos encontramos horas mais tarde em frente à pirâmide do Louvre, que conta hoje com quase 22 anos de existência e, apesar de controversa, melhorou a espera na entrada no museu. Nos reunimos e fomos comer, e em seguida fui com minha mãe ao museu d’Orsay onde veria meu quadro favorito de Van Gogh, A noite estrelada, enquanto os meninos caminhavam em direção ao Musée de l’Armée. Minha ideia era dar uma passadinha bem rápida no museu e encontrar com ele logo em seguida, apesar de o acervo ser bem interessante eu queria realmente ver esse quadro em particular.

Qual foi minha decepção ao descobrir que o quadro estava fora do museu, em outra exposição, e só retorna em meados de fevereiro! Mas nem por isso deixamos de apreciar outras maravilhas dos impressionistas, e de Van Gogh inclusive, pra depois ir caminhando à beira do Sena para encontrar com os meninos. Luna tinha ficado com Bernardo enquanto eu fui ao Orsay, e peguei ela pra ele ir no museu que mais gostou. Enquanto esperava a visita deles, fui ao Grand Palais me informar sobre a exposição de Monet que acontecia ali. Ao chegar, me deparei com uma fila respeitável pra entrar pra exposição comemorativa dos 125 anos da joalheira Bvlgari e já fui me preparando pro que encontraria na entrada da exposição de Monet. Ao dobrar a esquina, respirei aliviada: nada de filas invadindo a rua. Caminhei alguns metros e ali constatei o que já temia: minha mãe teria de se contentar com os três quadros de Monet que restaram em exposição no Orsay. Uma placa informava, no início da fila, que à partir daquele ponto, o tempo de espera pra entrar na galeria era de cinco horas!

Um tanto decepcionada, mas não completamente porque já previa isso e já tinha prevenido minha mãe sobre essa possibilidade porque não conseguia comprar o ingresso pra exposição pela internet, me dirigi à estação de metrô mais próxima e embarquei em direção ao Arco do triunfo, próxima atração a ser visitada. Mas não desci, como deveria, na estação Charles de Gaulle; propositadamente, segui a linha do metrô até seu último ponto, em La Défense, aos pés do Grande Arco, que só tinha visto de longe, do alto de seu companheiro erguido por Napoleão em homenagem às conquistas da França. A obra moderna é monumental e também pode ser visitada, mas a subida está suspensa por motivos de falta de pessoal na empresa responsável pela administração do monumento. Só descobri isso ao chegar ao hotel, já que fui ali sem nenhuma intenção de subir, queria somente contemplar o arco.

Voltei e me instalei num banco na Champs Élysées, perto da saída do metrô e da passagem subterrânea que leva ao Arco, e fiquei esperando o pessoal chegar. Nesse meio tempo, testemunhei uma discussão acalorada entre pedintes ciganas, que só sabem proferir a seguinte frase: « Excuse me, speak English? », assim mesmo, e com sotaque. Fiz que não com a cabeça e sentei. Em poucos minutos uma música começou a tocar e um grupo de rapazes começou a dançar enquanto uma pequena multidão se aglomerava para assistir. Paris tem dessas coisas: músicos no metrô, dançarinos nas ruas, e japoneses por todos os lados, que começavam a enfrentar a concorrência dos turistas chineses e brasileiros.


Não tardou muito e o pessoal chegou, e fomos encarar os degraus pra subir o Arco. Bernardo ficou embaixo com Luna enquanto eu subia rapidinho, pra tirar algumas fotos. Meu irmão desceu antes e pude tirar fotos com Bernardo, que subia o arco pela primeira vez. Dali, seguimos rumo ao Moulin Rouge, mas não pudemos fotografar nesse dia porque a chuva resolveu nos impedir. Jantamos ali perto mesmo e os meninos ainda queriam ir pra Champ de Mars tomar uma cerveja antes de voltar pro hotel. Eu e minha mãe voltamos pro hotel com Luna e fomos descansar os pés pro segundo dia de maratona na cidade luz.



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