Descobrindo Aix-en-Provence

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Cathédrale Saint-Sauveur
Morando há pouco mais de um ano na cidade de Cézanne e Zola, onde o sol brilha quase o ano todo e o azul do céu surpreende a cada dia, tive oportunidade de conhecer vários lugares aqui e ali, e ainda estou descobrindo esta linda cidade, saindo de casa com o espírito de turista residente. Meus últimos passeios pela cidade foram feitos em companhia de hóspedes que tivemos o prazer de receber nesses últimos meses, e com quem partilhei um pouco da cidade onde moro, mas também com quem visitei pela primeira vez alguns lugares bastante conhecidos, mas que pela força do hábito de morar na cidade, acabamos negligenciando, deixando pra outra ocasião uma visita que pode se mostrar uma agradável descoberta.
Cathédrale Saint-Sauveur
Foi o caso, por exemplo, da minha visita à catedral. Meus sogros chegam em casa um belo dia, enquanto eu estava na aula, e me mostram fotos da catedral, fotos de um lugar que eu nunca tinha ido. Imaginem a cara dos dois quando eu disse que não conhecia a catedral! Só visitei a igreja de Saint Jean de Malte, pra ver um quadro do Delacroix que tem lá, mas ainda não tinha nem procurado saber onde ficava a catedral da cidade. Enfim, os dois me levaram pra fazer turismo na cidade onde moro, e assim conheci a bela Cathédrale de Saint-Sauveur, que começou a ser construída lá pelos idos do século XII. O pior era não saber que a catedral fica a dois passos do Hôtel de Ville, onde já fui inúmeras vezes, e em função desta ignorância minha mãe, irmão e cunhado ficaram sem conhecer a igreja (pretexto pra voltarem logo).
Crucifixion, Eugène Delacroix
Outro passeio que nunca tinha feito: Atelier Cézanne. O pintor  nasceu, viveu e morreu em Aix, praticamente tudo na cidade faz menção ao filho ilustre, e eu, sofrendo do mal que acomete as pessoas que se instalam por tempo prolongado em um lugar, me disse que “qualquer dia desses” visitaria os lugares que fazem referência ao pintor. Pois bem, qualquer dia foi ficando pra depois, e o único lugar que eu havia ido e que Cézanne frequentou tinha sido o bistrot “Les Deux Garçons”, no Cours Mirabeau, pra tomar um café com meus sogros. E nada de ir ao Atelier, ou Jas de Bouffan, muito menos ao Museu Granet, onde tem obras do artista. Eis então que recebemos mais uma visita, desta vez da Paula, prima do Bernardo, que está estudando em Granada, cidade gêmea de Aix na Espanha. Mostrei pra ela os passeios na cidade, e lá fomos nós conhecer o Atelier Cézanne.
Atelier Cézanne
Confesso que deveria ter feito isso tão logo cheguei na cidade; a construção, cercada por um jardim de onde não dá vontade de sair, é simples: dois andares, e o atelier fica no segundo andar, com uma janela imensa visando o jardim, e outras duas do lado oposto da primeira, presenteando o cômodo com luz natural praticamente o tempo todo em que o sol nos ilumina. Não vemos obras do artista, mas suas ferramentas de trabalho, seus móveis, roupas, e subitamente somos transportados no tempo e podemos até mesmo imagina-lo a trabalhar ali. Tive vontade de abraçar o jaleco sujo de tinta, e de não sair do jardim naquele dia. Queria ser uma borboleta no jardim de Cézanne…
Atelier Cézanne
Ainda faltam vários lugares a serem visitados nesta bela cidade, e dentre eles cito Jas de Bouffan, onde Cézanne também viveu, Museu Granet (ta bom, já deveria ter visitado há tempos, mas…), Museu de História Natural, Pavillon Vêndome, etc… Mas minha prioridade agora é o Château de Vauvenargues. Um belo dia, Picasso telefona pra seu marchand e diz “Comprei a Sainte Victoire”, ao que seu interlocutor replica “Qual?”, em referência aos vários quadros da montanha pintados por Cézanne, e o espanhol responde “A verdadeira”. Picasso tinha comprado uma propriedade com vista privilegiada pra montanha favorita de Cézanne, e passou quase dois anos ali, mas foi nesta propriedade que sua esposa e seu filho mais velho decidiram enterra-lo. Os proprietários do château abrem suas portas ao público de junho à setembro, e as reservas para as visitas guiadas começam no mês de abril, e claro que não quero perder esse passeio fantástico!

4 Responses

  1. Cínthia Nascimento Coelho-Fize

    Preciso resgatar o roteirinho "o que visitar em Aix" que eu tinha feito logo que cheguei aqui. A gente se envolve demais com outras coisas e acaba deixando certas coisas importantes para depois. Precisamos aproveitar essa cidade fofa!

  2. MARILIA

    Encantei-me pela cidade de Aix a tal ponto que já estou esquematizando outro roteiro para o próximo ano (2014).
    Cheguei em 02 de junho de 2013 a esta cidade encantadora de onde saí dia 14 com o coração apertado.
    Meu objetivo era ver os campos de lavanda floridos que acabaram por não dar o ar de sua graça. Sem problemas: tudo é muito lindo mesmo sem as cores de sua estrela maior.
    A Provence seduz um pouquinho a cada dia: seja pelo perfume dos jasmins que, abusados, espiam pelas janelas disputando espaço com rosas de todos os tamanhos e cores, seja pelo tomilho que nasce abundantemente na beira de estradas.
    Na Provence a natureza não se poupa: é exuberante em luz, em cores, em aromas e em mais alguma coisa que me atrai e que não sei definir. Delicada e imponente ao mesmo tempo; uma sedutora, a danadinha.
    Minha desculpa para voltar à Aix no próximo ano é a vontade de ver as lavandas floridas e visitar o atelier de Cézanne.
    E para 2015, qual a desculpa? Ainda não tenho nenhuma mentira à vista.
    Abraço cordial

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