Projeto #52livros, livro 13: A conquista de Plassans

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Não, não desisti do projeto. Fato é que, quando comecei, tinha todo o tempo do mundo pra dispôr e dedicar à todas as leituras que quisesse. Comecei a trabalhar e continuei com as leituras, que intercalo com leituras relacionadas ao trabalho, mas o tempo pra escrever ficou escasso, por isso o projeto empoeirou aqui no blog. O livro escolhido pra tirar a poeira é “A conquista de Plassans”, de Emile Zola, ambientado numa cidade fictícia inspirada em Aix-en-Provence e Flassans-sur-Issole (75km de Aix). No mês que completamos 4 anos de vida aqui, escolho um autor que também veio de fora da cidade, mas que foi personagem importante na sua história e também na história do combate ao antisemitismo no país.

Cours Mirabeau, em Aix-en-Provence, no romance é o Cours Sauvaire 

Zola era parisiense de nascimento, filho único de pai italiano e mãe francesa, e a família se instalou em Aix-en-Provence quando ele ainda tinha 4 anos, em função do trabalho do pai, engenheiro de trabalhos públicos, que venceu uma licitação para a construção de um canal que traria água da montanha Sainte-Victoire até a cidade. A barragem Zola foi o último trabalho do engenheiro, que morreu de pneumonia. Emile enfrentou certa resistência por parte dos colegas de escola devido ao fato de ser de fora da cidade, mesmo tendo vindo bem jovem pra cá. Quem se aproximou dele no pátio da escola e lhe ofereceu a possibilidade de amizades numa cidade burguesa onde a integração de estrangeiros parecia difícil foi Paul Cézanne, e os dois mantiveram uma longa amizade que durou até a publicação do romance “A obra”, em que o escritor descreve a trajetória de um artista fracassado em constante busca de sua “obra-prima”, personagem inspirado em Cézanne, que não se sentiu nem um pouco lisonjeado com a “homenagem”. 
Além dos romances, Zola foi um jornalista que participou ativamente no “caso Dreyfus”, um controverso caso em que o capitão Alfred Dreyfus, que era judeu, se vê acusado injustamente de ser espião e ter envolvimento com o Império Alemão. Provas de que o processo de Dreyfus foi enviesado para que o capitão fosse acusado e considerado culpado não cessavam de aparecer, o que levou Zola a redigir, cinco anos depois do processo do acusado, célebre artigo em favor do capitão, “Eu acuso”, no qual ele revela os nomes daqueles que teriam envolvimento com o processo injusto ao qual o oficial foi submetido, que lhe valeu em seguida um processo por difamação, pois ele nomeou funcionário público em sua lista, e seu posterior exílio em Londres, mas também um novo julgamento de Dreyfus, que resultou na condenação do verdadeiro culpado por traição.
“A conquista de Plassans” tem como tema central a tentativa de um abade recém-chegado à cidade de Plassans de se integrar à sociedade aristocrata e seletiva, marcada por uma dinâmica de interesses e favores. Aos poucos o abade consegue ganhar a confiança dos membros mais influentes da sociedade e mostra a seus confrades, que o subestimam de início, a que veio. Entre intrigas de salão e arranjos políticos, Zola ilustra como se desenrolavam os jogos de poder e interesse no coração da sociedade aristocrata do século XIX, não sem fazer um paralelo com sua própria história. O romance faz parte da grande obra sobre a família Rougon-Macquart, sendo o quarto título da série, que conta no total 20 volumes.

Preciso confessar que o início da leitura me desanimou um pouco: achei a narrativa cansativa, e um personagem em particular me irritou um pouco, mas com o passar das páginas a intriga se desenrola de forma mais interessante e a narrativa flui com facilidade, o que me fez por vezes dormir muito tarde porque não conseguia parar a leitura!

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