24 horas mágicas em Lyon

postado em: França, Lyon | 11

Festa das luzes em Lyon

Em quase quatro anos de França, minha visão de mundo mudou um bocado, e isso refletiu na forma como me organizo pra viajar, no estilo de roteiro definido – ou não, como foi o caso da Córsega – nos lugares a serem visitados, restaurantes e eventos escolhidos.
Um dos eventos que mais queria ver, e isso desde que li o este post no excelente blog da Mirelle, é a Fête des Lumières (Festa das Luzes), em Lyon. Mas cada ano tinha um impedimento, um evento que acabava por fazer a festa perder prioridade. Assim, as festas anteriores foram contempladas à distância, por meio de fotos e vídeos, e eu sempre me fazendo a mesma promessa de que ainda veria o evento sur place.
A palavra de ordem pra quem quer garantir uma boa acomodação em Lyon na ocasião da festa é antecedência. No caso da nossa viagem, ela não se aplicou, pois nossa reserva foi feita com apenas 2 meses de antecedência, o que nos deixou hospedados fora de Lyon.
Mas não desanimamos, afinal o objetivo era ver as luzes da festa, e conhecer o que fosse possível, mas sem pressa e sabendo que retornaríamos à cidade em outras ocasiões, com mais tempo pra flanar e conhecer o que inscreveu Lyon no circuito mundial: a gastronomia. Fomos de carro no sábado de manhã, e em três horas estávamos vislumbrando o rio Rhône, seu porto, a imensa zona industrial de Lyon.
Quando nos dirigimos pro centro, mais pro fim da tarde, a primeira impressão da cidade foi dada por uma imensa construção com arquitetura ousada às margens do rio: o futuro Musée des Confluences, projeto de museu de ciências e sociedade lançado em 1999 pelo conselho geral do departamento, e com previsão de entrega para dezembro de 2014.
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Depois dessa boa primeira impressão, rápida porque passamos pela moderna região da Confluence de carro, estacionamos e percorremos à pé a margem do Rhône. Bastou me aproximar das águas do rio, que é a principal fonte de água da Provença e um dos antigos corredores de circulação do território, pra meu encantamento aumentar ainda mais. O sol baixando pouco a pouco no horizonte coloriu a margem por onde caminhávamos de dourado, e realçou as folhas amareladas das árvores, que contrastavam com o azul profundo do céu, momento mais que mágico do crepúsculo.

 

 

Notre Dame de Fourvière e a roda gigante de Bellecour

 

Berges du Rhône

 

Notre Dame de Fourvière

 

 

O encantamento aumentava a cada passo, e a temperatura seguia o ritmo inverso. Porque a Fête des Lumières acontece no início de dezembro, e ainda tivemos sorte de contar com a presença gélida do ventinho que deve ser o precursor do mistral. Mas o céu limpo só tornou o fim de tarde e a noite ainda mais especiais, e foi com muita curiosidade que percorremos as ruas da Presqu’île pra identificar os pontos por onde passaríamos horas mais tarde pra apreciar o espetáculo luminoso.

E flanando, encontramos um dos restaurantes indicados por um amigo do Bernardo – que nos garantiu que não teríamos o menor problema no quesito “gastronomia” em Lyon. Ás 17h30 já tinha uma pequena fila na porta, só pra reservar mesmo. Conseguimos nosso lugar à mesa pra 23h, o que nos deixou com tempo mais que suficiente pra percorrer os vários pontos onde as projeções foram organizadas na região onde estávamos.

Anotem o endereço do excelente restaurante “La Mère Jeanne” – funciona de segunda à sábado :
5 rue des Marronniers
69002 Lyon
(33) 478 378 127

 

Depois de garantir nossa reserva pro jantar mais que tardio, tratamos logo de providenciar um copinho de vinho quente, pra espantar o friozinho que fazia na cidade, e caminhamos em direção à Place Bellecour, onde assistimos a apresentação de projeções feita na grande roda gigante instalada na praça. Uma quantidade considerável de espectadores se reuniu na praça pra apreciar o espetáculo de cores, sons e luzes que deu vida aos monumentos e prédios.
Durante as horas seguintes percorremos as ruas da Presqu’île e contemplamos espetáculos aqui e ali, sempre maravilhados com o que assistimos. O ponto alto da noite aconteceu na Place des Terreaux, onde fica o Hôtel de Ville, que virou palco de um belíssimo conto. A concorrência pra assisti-lo é grande, e o percurso é sinalizado, só conseguimos chegar depois de meia noite, quando a multidão estava começando a se dispersar. Valeu cada minutinho de paciência, e também o frio que já incomodava.
Place Bellecour
Jardim luminoso mais lindo que já vi!

 

 

 

 

 

 

Parc de la Tête d’Or

No dia seguinte voltamos pra casa, mas não sem antes aproveitar pra fazer uma caminhada pelo Parc de la Tête d’Or. Sou fã incondicional de parques e áreas verdes nas cidades, e é um detalhe que pesa muito a favor da cidade na minha opinião. Em apenas 10 minutos de caminhada pelo parque, já me imaginei morando em Lyon, correndo nas margens do Rhône e também pelo parque. Nada como um belo refúgio natural no meio de uma área urbana. O nome – parque da cabeça de ouro – faz referência à uma lenda que diz que uma cabeça de ouro do Cristo teria sido enterrada ali.
O espaço verde de 117 hectares abriga um belo jardim botânico – excelente ponto de fuga pra quem é friorento e visita a cidade durante o inverno, a estufa de plantas tropicais é um bom esconderijo – roserais, e um zoológico, onde podemos encontrar os mais variados animais. Dentre todos os pontos turísticos de Lyon que poderíamos ter visitado numa viagem bate-volta tão curta como essa, a opção pelo parque reflete um pouco o estilo de passeio que gostamos, ao ar livre. E as cores do outono deixaram a paisagem ainda mais bela, convite irrecusável pra voltar em todas as estações do ano. E Lyon ganhou o título de uma das mais belas cidades que já visitei, e volto sem hesitar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11 Responses

  1. Milena F.

    Gostei muito de Lyon, mas nunca consegui ir nessa época do ano, que é muito corrida para mim… O mês de dezembro já está quase no fim e não vi… Mas pelo jeito é tudo lindo mesmo!!!

  2. Natalia Itabayana

    Torço pra que consiga ir, Helô! Vale muito à pena! Nós gostamos tanto da cidade que voltamos rapidinho pra aproveitar mais!

  3. Renata Inforzato

    Nat, estava me programando para ir nesse ano, mas minhas provas caíram bem nessa época…. Já tinha ficado com vontade de conhecer ao ler o relato da Mirelle, e agora depois do seu, então, a vontade aumentou ainda mais. De 2014 não passa. Parabéns pelo texto e fotos…

  4. Natalia Itabayana

    Que pena que não pode ir esse ano Rê… Adiei minha ida nessa época justamente por causa dos estudos, mas acabou que teve um lado positivo: meu estilo de viagem mudou muito, fui conhecer a cidade sem nenhum roteiro e acabei me surpreendendo com tudo, tanto que voltei vinte dias depois 🙂
    Espero que possa ir no proximo ano, é uma linda festa!

  5. Renata Inforzato

    Pois é, Nat, ano que vem farei tudo para ir…. E no seu caso, a espera valeu muito a pena, viajar sem roteiro é libertador 🙂 Feliz Ano Novo! Que 2014 seja pra vcs um ano de muito amor, paz, saúde, felicidade e cheio de aventuras. Beijão

  6. Anônimo

    Oi, tudo bom? Vou fazer um curso de francês em paris, e no fim gostaria de visitar a Provence. Pretendo viajar dia 8/08/14, a noite, e terei entre os dias 9/08/14 e 11/08/14, e dia 12 retorno ao Brasil. Estarei sozinha, e já fiz um mini-roteiro com os lugares que gostaria de visitar, tendo Aix como base: em um dia, ficarei pela cidade; no outro, gostaria de ir ao Plateau, Saint- Croix e Gorges du Verdom, e, no último, a Fontaine de Vaucluse.

    Só que não tenho ideia de como organizar a logística (e o orçamento) disso! hahaha De Paris a Aix, posso ir de TGV. E quanto aos passeios, é muito difícil dirigir pelas estradas da região? são bem sinalizadas? e é perigoso ir sozinha? Outra coisa, se não for de carro, tem outra opção?

    Muito obrigada!

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