Aix-en-Provence: o começo

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Rotonde Jeanne d’Arc
Aix-en-Provence, cá estamos depois de mais de seis meses. Aix significa água, e o primeiro nome da cidade, dado pelos romanos, foi Aquae Sextiae em latim, Ais en Provencou em provençal, a cidades das águas foi escolhida pra nos acolher durante os próximos três anos.
 
Cours Mirabeau


A escolha foi feita de longe, ainda quando estávamos no Brasil e, apesar de ser um pouco distante da usina onde Bernardo trabalha (cerca de 60km de distância), o principal motivo da escolha foi a presença da universidade, onde posso estudar o francês para futuramente me inscrever ao mestrado. Pensamos em morar perto da usina, mas fomos desaconselhados pela dificuldade de deslocamento até a universidade, e também ficaríamos afastados do restante do pessoal que veio pela empresa, como Bernardo.
Localizada no sul da França, vizinha de Marseille, a cidade conta com aproximadamente 145 mil habitantes, praticamente “la campagne” pra quem veio de Belo Horizonte. Aix não era uma cidade completamente desconhecida pra mim, que durante o curso de psicologia estudei matérias relacionadas à pesquisas feitas na universidade daqui.

Quando chegamos, dois dias depois do início da primavera, os jardins estavam repletos de tulipas, a primeira flor da primavera, e as árvores ainda estavam sem folhas, acabando de sair do inverno. Em poucos dias as primeiras folhas começaram a brotar e o verde passou a tomar conta do topo das árvores, que logo estariam frondosas e nos proporcionando boa sombra pelas ruas da cidade.
As primeiras idas ao centro foram desafios inesquecíveis, com direito a ficar perdida pelas ruas estreitas mesmo tendo um mapa e tentar comprar algo sem saber falar francês direito. Aprender a me localizar pelo centro foi um exercício de memorização das várias fontes, dos nomes das ruas, das lojas e restaurantes, todos ponto de referência que hoje me guiam com facilidade, mas que no começo formaram um emaranhado de informações no meu mapa mental.

O francês fui aprendendo aos poucos, primeiro dentro de casa, com a Aline e os filhos dela, depois na rua, pedindo informações, explicando nas lojas que não falava bem a língua mas que estava aqui pra aprender, então pedia um pouco de calma e que não falassem inglês comigo, porque felizmente aqui encontramos com facilidade pessoas em lojas que falam inglês, que era usado em casos de extrema necessidade, como fiz quando fui comprar minhas linhas de crochê pra começar a fazer meu vestido.



Cheguei na loja munida do mapa da cidade, que virou meu melhor amigo, e repetindo centenas de vezes pra mim mesma a frase que deveria usar pra pedir o que queria na loja. Cumprimentei a atendente, expliquei que sou brasileira, não falava bem o francês, mas que queria alguns novelos de linha de crochê pra fazer um vestido. Até aí tudo tinha ido perfeitamente bem!! Ela falou devagar, mas cheguei num ponto da conversa que não tinha mais como falar: como diabos eu ia usar o futuro? Não tinha aprendido nenhum tempo verbal na verdade, não tinha feito curso nenhum, falava igual criança aprendendo a falar, gaguejando, comendo verbo, sem usar preposição, essas coisas todas, imagine se eu seria capaz de exprimir alguma ideia no futuro??

Igreja de Santa Catarina


Percebendo o desespero estampado no meu rosto, a moça muito gentilmente perguntou se eu falava inglês, e foi então que expliquei minhas ideias, mas sempre perguntando como poderia falar o que queria em francês. E foi assim que consegui comprar minhas linhas, e voltei pra casa com sensação de dever cumprido: comprei minhas linhas e ainda passeei pelo centro sem me perder!!

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