Conheça a Provença de outra forma: 10 motivos pra participar da Maratona do Luberon

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Correndo entre vinhedos carregados de uvas

Quando me inscrevi pra participar da meia maratona do Luberon, fiz seguindo a indicação da minha médica, que também é corredora: corra no Luberon, o percurso é plano, excelente pra primeira prova de 21km, e a paisagem é maravilhosa. A ideia de correr essa prova já me habitava há certo tempo, mas somente depois de me liberar do peso do mestrado, consegui disponibilidade pra me preparar pro desafio, e nem por isso deixei de conhecer as belezas desta região vizinha de Aix. O escritor britânico Peter Mayle é um dos responsáveis por valorizar a região aos olhos dos turistas, em seu livro “Um ano na Provença”. Junto com sua esposa, ele decide adquirir uma propriedade no vilarejo de Menèrbes, listado como um dos mais belos vilarejos da França, e descreve com riqueza de detalhes seu dia a dia na região, a passagem das estações, a vida comunitária, as atividades e produção agrícola.

O Luberon pra mim é aquele prêmio depois de subir um morro: saindo de Aix rumo ao norte, subimos uma colina e somos recompensados, ao chegar no topo, com uma paisagem magnífica que se descortina diantes dos nossos olhos, bem depois da curva na estrada. São dois momentos mágicos quando me encontro em estradas: ver o mar quando chegamos no ponto mais alto da estrada, e ver o Luberon. Até no inverno, quando subimos pros Alpes passando pela região, mesmo quando a paisagem está cinzenta e as árvores hibernando, sempre solto a mesma exclamação de maravilhamento ao ver os vinhedos, os campos que na primavera estão repletos de girassois e trigo. Por isso, escolhi a paisagem que tanto aprecio como palco pra minha mais longa corrida até hoje, a meia maratona, 21,1km. E se eu consegui chegar no final do percurso isso aconteceu graças à paisagem, que deu leveza à distância percorrida.

A largada da prova aconteceu na cidade de Pertuis, no departamento de Vaucluse, que eu já elegi como mais bonito da região Provence-Alpes-Côte d’Azur. Muitas das cidades mais bonitas que já visitei estão nesse departamento, e isso bastou pra que ele ganhasse o título, ao menos pra mim. Pertuis fica a 20km ao norte de Aix-en-Provence, bem pertinho, e apesar de ser uma pequena cidade, tem um centro comercial bem movimentado, vinícolas em torno da cidade, centro histórico muito charmoso, com direito à muralha e torre medievais, que vimos ao passar pela cidade, quando visitamos Ansouis, um dos mais belos vilarejos da França, e o mais próximo de Aix-en-Provence. Ao chegar no vilarejo e contemplar a paisagem, eu tive certeza de que, mesmo não conseguindo completar o percurso dos 21km, eu teria muito o que ver durante a corrida. A visita a Ansouis foi uma prévia do que seria a paisagem apreciada no dia D.

Primeira surpresa depois da curva

Dois meses depois da primeira ida à Pertuis, voltei para buscar meu kit de corrida, na véspera da prova, e aproveitei pra ir até a cidade vizinha, La tour d’Aigues, onde seria a chegada. Uau. Foi a primeira exclamação que me veio à mente quando parei diante do lugar exato onde todos chegaríamos, onde seria montada a feira com produtos típicos da região e o palco para entrega de prêmios aos participantes vencedores de cada categoria. Foi a combinação da beleza natural da região, com o cultivo da uva pra produção de vinhos deliciosos e a beleza pitoresca das cidades envolvidas no evento que me convenceram, e é uma prova que pretendo repetir. Ao longo do percurso, fiz algumas fotos que não estão maravilhosas porque foram feitas com celular, mas valem como amostra da beleza da paisagem, e uma boa lembrança do percurso.

Clique nas fotos para ampliar
 Largada da meia maratona do Luberon. Fotos: Bernardo Junqueira
 Corredores fantasiados
Se você também gosta de correr e viajar, vale unir o útil ao agradável e incluir essa prova no calendário de viagens esportivas. São três distâncias: 10km, meia maratona (21,1km) e maratona (42,2km), sendo que os 42km também podem ser disputados em revezamento por 3 corredores (convidativo, ein?). Mas se prefere caminhar tranquilamente, degustando bons produtos regionais, não precisa se desanimar: também tem percurso para caminhada e marcha nórdica. Os pontos de hidratação são dispostos a cada 3km e a mesa é farta, com frutas da estação, comidas típicas e produtos regionais, inclusive vinho (!!). Convivialidade é a palavra de ordem, não importa a distância corrida: os voluntários ao longo de todo o trajeto dão ânimo e encorajam a gente, assim como as pessoas que param pra assistir a corrida.

 La tour d’Aigues, o ponto de chegada, e exposição de veículos antigos na praça do castelo

 Interior do castelo da Tour d’Aigues, acesso autorizado somente aos corredores no dia da prova

A primeira surpresa veio logo no início do trajeto, bem depois da curva: da mesma forma que a paisagem do Luberon se apresenta majestuosa quando estamos na autoestrada rumo aos Alpes, à partir do terceiro quilômetro eu sai do modo “corrida” e entrei em modo “contemplação”. E assim, os 10 primeiros quilômetros passaram num susto, em meio à vinhedos intermináveis, vegetação esboçando a chegada do outono com a mudança de cores das folhas – lembrando que a Provença é mais quente e, apesar do outono ter começado de fato antes do dia da corrida, a paisagem ainda fica verde por certo tempo. Precisando de mais motivos pra vir conhecer a Provença correndo? Aí vão alguns:
1- Você não precisa, necessariamente, correr. A Maratona do Luberon tem 3 distâncias de corrida, mas também 2 percursos de caminhada. Se preferir o pedal, pegue sua magrela e siga os corredores no percurso que preferir.

2- Degustação de produtos regionais a cada 3km. Os voluntários que garantem os pontos de hidratação também preparam guloseimas típicas, como patês e biscoitos. Além de servir vinho regional, é claro.

Ponto de hidratação: muitas frutas, produtos regionais, vinho.
Fiquei só na água e laranja mesmo!

3- Percurso plano. Na verdade, quase todo plano, somente uma ligeira inclinação na chegada em la Tour d’Aigues. Pra quem quer debutar em eventos esportivos, a prova é ideal.

4- Correr/caminhar no meio dos vinhedos. E, de quebra, esbarrar nos produtores que oferecem uvas pros corredores. Apreciar hectares à perder de vista, repletos de cachos esperando o momento certo pra serem colhidos e devidamente transformados nos deliciosos vinhos da região.

5- Almoço de confraternização e feira de produtos regionais na chegada. Quem não quiser encarar o percurso e preferir ir direto pro ponto de chegada, pode aguardar os corredores na agradável feira organizada especialmente pro evento, além de um almoço-degustação. No site da maratona é possível fazer a reserva pro almoço, que é aberto ao público no limite da disponilidade de lugares, e a participação na corrida não é exigida. Os comensais estavam bem arrumadinhos, as mesas lindamente dispostas, com uma vista impressionante pra região, além do contato com provençais autênticos, aquele momento de convivialidade com os locais que muitos viajantes buscam. Claro que me arrependi de não ter participado. Fica pro próximo ano.

Piquenique ao ar livre e almoço de confraternização
(na tenda branca, acesso restrito às pessoas que fizeram reserva)

6- Participar do concurso de corredor fantasiado. Mais um item que fica pro ano que vem, porque não tive tempo hábil nem criatividade suficiente pra pensar numa fantasia. Mas tinha de tudo: trio de Elvis com peruca inflável, o duo Mario e Luigi, camponeses, uma verdadeira parada quase carnavalesca. Porque convivialidade é a palavra de ordem do evento.

Trio de Elvis chegando causou alvoroço nos presentes!

7- Ganhar uma garrafa de vinho no fim da prova. Não teve medalha de participação, mas vinho de participação. Quem correu a meia maratona (eu!) ganhou uma garrafa de vinho do Luberon à escolher entre tinto e rosé. Quem correu a maratona, ganhou duas garrafas (sortudos!).

Meu troféu. 21,1km por uma garrafa de vinho, acho justo.

8- Possibilidade de erguer o troféu abóbora. A abóbora é o legume por excelência do outono: assim que a vemos nas bancas do mercado, sabemos que o verão chegou oficialmente ao fim. Os ganhadores de cada categoria (primeiros colocados por distâncias, melhores fantasias) são convidados ao palco para entrega de prêmios, e erguem o troféu abóbora (a verdadeira, claro), que eles levam pra casa depois. Muitas receitas deliciosas pra fazer com o troféu.

Ano que vem, quero o troféu abóbora!

9- Temperaturas agradáveis. Nada mais desanimador que correr em temperaturas elevadas demais ou baixas de mais. Pois bem, no primeiro fim de semana de outubro, as temperaturas são amenas, e geralmente, os dias são bonitos. Foi o caso nesta edição de 2013, dia lindo e 22° durante a prova.

Quando me dei conta, já tinha corrido 10km.
Um dos pontos de hidratação é no lago de la Bonde.

10- Visitar a Provença fora de temporada. Os campos de lavanda, uma das principais atrações da região, já estarão sem flores. Em compensação, os produtos de lavanda estarão bem frescos nas feiras: sabonetes, óleos essenciais, bouquês e sachês são excelentes lembranças olfativas da região. Além disso, as tarifas e disponiblidade de hospedagem são bem atrativas por tratar-se de meia-temporada. Com preços convidativos, temperaturas amenas e paisagem começando a ganhar ares outonais com folhas passando pelos tons de amarelo, laranja e vermelho, vai perder a oportunidade de vir correndo pra Provença explorar de outra maneira a região?

Importante: para validar a inscrição, é necessário apresentar um certificado de saúde emitido por médico, que atesta ausência de contra-indicação para prática de atividades esportivas.

6 Responses

  1. Mage

    Acho que já vou fazer reserva para o ano que vem, e começar a treinar….
    Brincadeira a parte, temos a sorte de morarmos em lugares de paisagem absurdamente lindas…
    Aqui as vezes eu faço umas provas pelos arredores mesmo, e é sempre uma surpresa…
    Deve ter sido ótimo!! Bjs

  2. Natalia Itabayana

    Veeeem, Mage! Concordo com você, temos muita sorte mesmo por morarmos nesses cantinhos encantados! Eu fico tentada a me inscrever numa prova por fim de semana pra conhecer lugares diferentes, mas anoto as cidadezinhas e visito com calma. Acho que a combinação esporte + viagem é uma boa pedida pra descobrir esses cantos escondidos!
    A corrida foi otima, bate papo com os outros participantes, gente que veio de varias regiões, muito bacana!

  3. Laura

    Fui pra Provence em setembro e me apaixonei pela região…adorei a ideia de fazer essa prova numa próxima ida!!!

  4. Natalia Itabayana

    Oi Laura!
    Muito legal a ideia de incorporar esportes à viagens, né? Acho que você aproveita pra conhecer outros aspectos da região que estão escondidos, fora do circuito turistico, é uma bela prova, vale à pena!

  5. Gilson Guimarães

    Oi Natalia !
    Estou chegando em Paris no dia 14Mar às 14h e estou pensando em ficar alguns dias na região de Provence. Inclusive, o ideal seria partir diretamente, já na chegada, do próprio aeroporto Charles De Gaulle. Eu gostaria, por gentileza, que vc me sugerisse uma cidade para eu ficar baseado e, de lá então, programaria alguns mini-tours. Caso essa cidade tenha acesso via TGV, seria tudo de bom, pois suponho que no aeroporto CDG tenha alguma estação desse trem. Não posso ficar muito tempo, talvez uns 3 ou 4, porque pretendo ainda retornar à Paris e dar uma curtida, apesar de já conhece-la. No dia 21Mar terei que regressar ao Rio. Fico muito agradecido pela sua colaboração !

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