Córsega, dia III: Bastia

postado em: Córsega, França | 2
No terceiro dia na ilha da beleza, decidimos aproveitar pra ficar nas proximidades de onde nos hospedamos, e descansar um pouco da caminhada de 11km que fizemos no dia anterior ao longo do sentier des douaniers. A ordem do dia era acordar sem pressa, e flanar pelas ruas de Bastia, a cidade principal do departamento de Haute-Corse. Nosso dia começou quase ao meio-dia, e por sorte conseguimos estacionar não muito longe do porto antigo e do museu, e fomos dar uma volta nos jardins ao redor deste último pra descobrir a cidade.



Cheguei em Bastia sem expectativas quanto ao que veríamos. Aliás, assim tem sido meu estado de espírito quando embarco pra um novo destino : deixo as expectativas pro período de preparação, que no caso da rsega em particular restringiu-se à compra das passagens e arrumação de bagagem, porque meu foco no momento da reserva dos bilhetes estava completamente voltado pra minha defesa de monografia. Sabia que deveríamos visitar Bastia, pois estávamos hospedados bem pertinho da cidade, e também tinha me encantado no dia do nosso desembarque na ilha, ao descobrir o porto e a cidadela iluminados, conferindo às construções encravadas no morro um tom alaranjado que evoca o crepúsculo.

A luz do dia revela uma bela paleta de cores que colore o mesmo cenário: fachadas caiadas, em tons de laranja escuro ou rosadas, contrastando com o azul profundo do céu limpo e com o contorno das janelas lembrou bastante as cidadezinhas na fronteira entre França e Itália, em especial Roquebrune-Cap-Martin. Vale lembrar que a Córsega foi território dos fratelli durante quatro séculos e meio, e muito do dialeto corsa aproxima-se do idioma italiano. No século XVIII, a Córsega conseguiu sua independência, e foi lá que a primeira constituição democrática moderna foi promulgada. Antes do fim do século, a ilha passou a integrar o território francês, e assim desde então os corsas tentam novamente independência – sim, até hoje existe o movimento separatista, e é possível ver suas marcas nos muros e em placas de indicação, onde os dizeres em francês são pichados de preto.

Depois de termos estacionado numa ruazinha perto do museu, descemos sem pressa até o porto velho, passando por ruazinhas estreitas e cheias de varandinhas charmosas. De lá, fomos até a cidadela antiga, construída no rochedo e ao redor do forte, que hoje abriga o museu. Nosso objetivo era encontrar um lugar pra fazer piquenique, de preferência de frente pro mar. Depois de alguns minutos caminhando, encontramos nosso canto perto de uma torre de observação da muralha que cercava a cidadela. Enquanto comíamos, um pescador tentou, sem sucesso, pegar um dos inúmeros peixes que ele atraiu com pedaços de pão, lançando o anzol preguiçosamente. Talvez ele quisesse mais alimentar os peixes e menos pescar, vai saber. 

Continuamos nossa caminhada despretensiosa pelo centro histórico e acabamos por passar na frente de uma casa onde Victor Hugo se hospedou com seu pai durante uma temporada, casa localizada em frente à igreja. Encerramos nosso dia em Bastia na praia de La Marana, perto do lago de Biguglia, uma área de reserva natural. Ao longo da estradinha que leva até a praia pudemos ver uma grande quantidade de condomínios, campings e clubes de férias, boa opção de hospedagem pra quem quer ficar perto da praia e numa distância confortável da cidade. Uma ciclovia de cerca de 10km também acompanha a estrada, boa pedida pros desportistas que não abrem mão de atividade durante as férias. A praia tem uma boa faixa de areia, mas na época que fomos, início de setembro, tinha bastante água-viva, e não me arrisquei a ficar muito tempo dentro d’água – quando criança, tive um encontro pouco feliz com uma água-viva em Cabo Frio. O dia tranquilo que passamos em Bastia foi mais que revigorante, uma boa pausa pra recuperar as energias e partir pro passeio entre mar e montanha que fizemos no dia seguinte, que é o assunto do próximo post da série.

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