Projeto #52livros, livro 2 : A tulipa negra

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Tulipa negra em Keukenhof

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A escolha da segunda leitura do projeto já tinha sido feita antes do início do mesmo. Até o dia que decidi testar o aplicativo kindle no meu celular, antes de comprar o kindle mesmo, pra ver se me adaptava. Quando instalei, tinha uma enorme seleção de títulos gratuitos, e um deles me chamou a atenção mais que outros: A tulipa negra. Primeiro, porque amo tulipas; segundo, porque sou fascinada pela narrativa de Dumas. E foi assim que alterei a ordem de leituras, e não me arrependo nem um pouco.
Na história estão reunidos todos os elementos que podemos esperar de um romance histórico de Dumas: conspiração política inserida num dado contexto baseado na realidade da época retratada, um triângulo amoroso, uma conspiração para destruir um casal. O que mais gostei no romance: Dumas não economiza nas descrições dos lugares, dos cenários, e nos sentimos imediatamente transportados ao período retratado, como também ao lugar escolhido como pano de fundo da trama, que acaba se tornando um personagem à parte no recito. Apesar de só conhecer Amsterdam e os jardins de Keukenhof, o exercício de percorrer as ruas de Haia, o caminho entre essa cidade e Dordrecht, até finalmente me encontrar às portas do castelo de Loevestein foi bastante interessante. Em alguns momentos, senti no rosto aquele vento frio que sopra na Holanda, e olha que o mistral nem tinha soprado por aqui durante minha leitura. Dumas me fez incluir um novo roteiro de visita aos Países Baixos, pra conhecer os lugares citados no livro. Sua obra é uma ótima inspiração para roteiros de viagens, diga-se de passagem.
O triângulo amoroso do romance é bem particular, e Dumas explora esse triângulo com prudência e bastante destreza. Não posso dar mais detalhes, senão estrago o melhor da festa. Um outro aspecto que me agradou bastante é a questão da percepção do tempo e de seus efeitos por cada um dos personagens. Se, durante o último século, grande parte dos avanços tecnológicos tem por mérito melhorar não somente a qualidade de vida do homem, mas também otimizar seu tempo, facilitando as tarefas e – ainda mais importante – tornando-as mais rápidas e seus resultados quase imediatos, essa questão é abordada no romance sob outro ângulo.
O tempo é ao mesmo tempo mestre e carrasco dos personagens, podendo ser adversário imponente, até mesmo obstáculo aos objetivos desejados, mas pode se mostrar também um grande aliado, principalmente para aquele que preza pela perfeição dos detalhes. O fato de ter de se submeter ao passar do tempo para alcançar os objetivos desejados obriga que do tempo é sujeito à diversificar seus centros de interesse, ampliando suas capacidades e conhecimentos. Aquele que prefere o atalho, deixa de se enriquecer dessa ampliação de horizontes, e acaba se reduzindo a um único e exclusivo objetivo: conspirar contra o outro. E assim são os personagens de Van Baërle, que usa o tempo a seu favor, e Boxtel, que prefere atalhos inescrupulosos. Duas frases do romance me chamaram bastante atenção por sua atualidade permanente, e assustadora: “este espetáculo sempre atraente para a multidão, e que agrada o orgulho instintivo, de ver na poeira aquele que por longo tempo esteve de pé”, fazendo referência à facilidade com que dedos são apontados e sensação de justiça invade multidões, mesmo que se trate de condenar inocentes; e a segunda frase, semente pra reflexão: “mas o terrível das más idéias, é que pouco a pouco os maus espíritos se familiarizam com elas.” No mais, além de estimular a reflexão, o romance tem sua boa dose de paixões, para adoçar na medida certa.

Projet #52livres, livre 2: La tulipe noire

Le choix du deuxième titre du projet était déjà fait, jusqu’au jour où j’ai décidé de télécharger l’appli kindle sur mon portable, histoire de l’essayer avant de faire le pas vers l’achat du machin. En choisissant des livres gratuits pour télécharger, j’aperçois ce titre qui attire toute mon attention : La tulipe noire. D’abord, parce que j’aime les tulipes; ensuite, parce que j’aime la plume de Dumas. Et voilà comment j’ai changé l’ordre de lecture établie au début de ce projet. Inutile de dire que je ne regret point le choix fait.


Dans l’histoire, il y a bien tout ce qu’on attend d’un roman historique sortie de la plume de Dumas : une conspiration politique, un triangle amoureux, une conspiration pour éclater un couple. Ce que j’ai aimé le plus dans ce roman : Dumas ne manque pas de bien décrire le cadre, pour que nous nous sentons de suite transporté à l’endroit choisi pour le déroulement de son histoire. Je me suis sentie transporté aux Pays-Bas, et malgré le fait de ne connaître que Amsterdam et le célèbre jardin Keukenhof, l’exercice de parcourir les rues de la Haye, le chemin entre cette ville et Dordrecht, enfin de me retrouver devant Loevestein, était bien intéressant. Par moments, j’ai cru sentir la brise froide à laquelle les hollandais ont droit, et ce tout en étant en Provence.


Le triangle amoureux du roman est d’une particularité assez remarquable, et Dumas exploite à la fois avec prudence et justesse la problématique traitée. Un autre aspect fort intéressant tout au long du récit c’est la perception du temps et de ses effets pour les diverses personnages. Si pendant le dernier siècle, notamment, la plus part des efforts menés par l’homme dans le domaine de la technologie visaient non seulement améliorer la qualité de vie, mais aussi rendre les tâches plus faciles – et plus important encore – plus rapides, avec des résultats quasi immédiats, le fil rouge du roman aborde cette question d’un tout autre angle. 
Le temps dans le roman semble maître et bourreau des personnages, se montre parfois un adversaire de taille, voire un obstacle, mais peut aussi s’avérer un allié de l’homme, surtout celui qui soigne bien les détails. Le fait de devoir s’en plier pour voir son but atteint, a obligé l’homme à diversifier ses occupations, ce qui a pour conséquence l’ouverture d’un éventail d’activités auxquels l’homme fini par s’intéresser, élargissant ainsi ses connaissances. Pour le personnage de Van Baërle, l’éventail de possibilités s’est élargit, contrairement à ce qu’on peut constater du côté du personnage de Boxtel, l’envieux, qui ne consacre son temps qu’à une chose : conspirer contre l’autre. Et Dumas explique bien ce que c’est que l’envie et à quel point il peut entraîner quelqu’un : “ce spectacle toujours attrayant pour la multitude, dont il flatte l’instinctif orgueil, de voir dans la poussière celui qui a été longtemps debout.” La phrase, relevée dans le contexte des frères de Witt, sert à expliquer le redoutable comportement des foules lorsqu’il est question de faire justice, aussi bien que les attitudes de l’envieux. Il est important de faire attention à ce que est ressentie par rapport au succès d’autrui, et Dumas a bien fait de mettre en garde en que concerne le côté mauvais de l’être humain, “Mais le terrible des mauvaises idées, c’est que peu à peu les mauvais esprits se familiarisent avec elles.”

2 Responses

  1. Camila Navarro

    Eu li "A Tulipa Negra" naquele período da faculdade em que me apaixonei pela literatura francesa. Foi o único livro do Dumas pai que eu li, mas sabe que eu já não me lembro direito da história? Lembro mais a parte das flores, mas o romance já quase se apagou da minha memória. Vou colocar na lista dos livros a ler, ou melhor, reler, depois do projeto. Agora, no kindle, vai ser ainda mais fácil!

  2. Natalia Itabayana

    Acredita que ja tenho outros dois titulos do Dumas na lista de leitura? Mas não sei se vou incluir no projeto, tenho medo de fica muito repetitivo. De qualquer forma, a narrativa dele é excelente, envolvente e os detalhes são muito interessantes, acho que você vai lucrar muito de uma segunda leitura do romance!

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