Belo Horizonte

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Senhores passageiros, bem vindos à Belo Horizonte. Só um parêntese: quem é de BH não fala “Belzonte”, ao contrário do que todo o resto do país pensa. Falamos Belorizonte, mas Belzonte, não. Ficamos 10 dias na capital mineira, sendo que 3 dias depois de aterrisar em BH, voamos pra Vila Velha, onde passamos 6 dias, que mais tarde conto como foram. Visitei menos gente do que gostaria, fiz menos coisas do que tinha pensado, e constatei que perdemos muito tempo parados atrás dos volantes dos nossos carros. Interessante desenvolver atividades pra serem feitas nos momentos engarrafados: lembro que eu carregava linha e agulha de crochê na bolsa o tempo todo, e fiz muitos pontinhos enquanto ficava parada. Desta vez, consegui lixar as unhas num engarrafamento. Também vi um por-do-sol maravilhoso que justifica o nome da cidade. Só que nessa brincadeira que é o trânsito de BH, gastava nada menos que 50 minutos pra percorrer 20 quilômetros na cidade. Espero que as obras que estão sendo feitas em toda a cidade melhorem o trânsito, reduzam o estresse dos motoristas e aumentem o nível de gentileza de quem está atrás dos volantes.

Felizmente, os cartões postais da capital me encheram de orgulho: a igreja da Pampulha está linda, e o mesmo digo da Casa do Baile e do Museu de Arte da Pampulha. E os ipês? Deram um show à parte, e fizeram um contraste pitoresco com o céu azul da cidade. Mas, e o belo horizonte? Os prédios gigantescos cobriram a visão. Pra ver o belo horizonte, a gente tem de ir pra Nova Lima, e depois de uns vinte minutinhos ver que Minas tem realmente uma paisagem linda. Que fique claro: morei 25 anos da minha vida em BH, e sempre que viajava pro interior sentia falta da capital. Agora que moro numa cidade pequena, com cerca de 150 mil habitantes, não sinto nenhuma falta de multidão ou metrópole. Se quiser isso, é só pegar o ônibus e em 30 minutos chego na segunda maior cidade da França. Pronto, ali tem trânsito, caos, buzina, gente pra todo lado.

Igreja São Francisco de Assis, Pampulha.
Mineirinho e Mineirão.

E você gasta tanto tempo se estressando que não sobra tempo pra reparar a beleza de tudo que te cerca. Pra olhar pro céu e ver que azul absurdo está sobre tua cabeça. Ou como as castanheiras dão todos os indícios de que o verão acabou, o outono chegou e o inverno está próximo. Eu nunca tinha reparado na mudança de cor das folhas das castanheiras até pouco tempo. Não, elas não fazem sujeira. Nós é que fazemos. Elas estão ali, mudando do verde pro vermelho, deixando suas folhas no chão, se renovando. Nós estamos aqui, nos estressando, nos desgastando, e não conseguimos ver que Belo Horizonte é uma cidade bonita, onde dá pra fazer turismo no fim de semana, sem precisar esperar as férias de julho pra ir pra Europa ou Estados Unidos, ou dezembro pra ir à praia. Dá pra ir à praça da Liberdade e ver como a arquitetura do mundo influenciou a nossa, como o paisagismo trabalhou pra nos proporcionar jardins bonitos.


Dá pra ir correr, caminhar ou andar de bicicleta (gente, são 18km de orla!! Bora pedalar!!) em volta da Lagoa da Pampulha enquanto apreciamos o Museu de Arte, a Casa do Baile, a Igrejinha ou o Mineirinho e Mineirão. Dá pra ir ao Zoológico. Ao Jardim Botânico. À Praça do Papa. Na rua do Amendoim ver a Serra do Curral chegar mais perto da gente, nem que seja só ilusão. No parque das Mangabeiras. No Mercado Central ver a cor das pimentas, sentir a cheiro das especiarias, ver o artesanato que temos pra oferecer. Não é só bar que Belo Horizonte tem pra oferecer! E dessa vez, eu consegui fazer turismo na minha própria cidade, mesmo tendo sido em lugares que já conhecia. A diferença é que pude parar e apreciar o lugar, reparar as curvas que Niemeyer imprimiu à igrejinha, e ver que realmente o traçado da Pampulha é inspirado.

Casa do Baile
Cidade Administrativa de Minas Gerais

Dessa vez, eu andei pela Savassi em obras e mesmo assim consegui passear. Antes, eu passava por ali e nem olhava pra nada, estava sempre de passagem mesmo. Agora, com as obras, tumultuando à princípio, agradando ou não quando o resultado final for apresentado, a cidade vai ganhar um lugar muito mais charmoso pra quebrar a rotina da correria diária de quem trabalha ali por perto ou passa por ali e ver que não precisamos necessariamente nos refugiar nos shopping centers pra tomar um bom café, fazer ou compras ou almoçar. Vale à pena olhar pra cima e procurar o céu, visão da qual somos um tanto privados quando estamos dentro dos shoppings. Ter um lugar ao ar livre como alternativa pra passear ou fazer compras é muito bom pra mudar o cenário e uma sensação de que a gente viajou sem sair da própria cidade!Amar BH radicalmente não é só colar um adesivo no carro ou vestir uma camisa com esses dizeres. É ir pras ruas da cidade e ver porque ela merece ser amada radicalmente, mesmo quando a gente não mora mais nela. 

2 Responses

  1. Marta

    É por tudo isso que Cesar Menotti e Fabiano fizeram a homenagem : "… pois não há lugar melhor que Beagá…!!!
    E sim, nós belo-horizontinos não falamos BELZONTE…Isso é coisa dos caipiras do restante do Brasil que não sabem falar BELORIZONTE!!!
    Tenho muito orgulho dos "trens, uais, sôs" que falo e do minério de ferro que (ainda) cobre nosso chão.
    E tenho mais orgulho ainda dessa filha que "desgarrou" daqui, mas não perdeu a mineiridade, coisa que só quem tem é que sabe…
    Amo vc (e o Bernardo tb hihihi…)
    Bj

  2. zizi

    A gente vê melhor quando se afasta! Mas é isso tudo mesmo. Beijim.

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