Val d’Allos: esquiando na nascente do rio Verdon

postado em: Alpes, Provença | 0

Uma das principais atrações da Provença são as belíssimas Gorges du Verdon, o desfiladeiro de calcáreo cavado pelo curso do rio Verdon, com suas águas azul turqueza que foram represadas formando o imenso Lac de Sainte Croix, uma das principais atrações de quem vem à região percorrer a perfumada rota da lavanda. No primeiro fim de semana de abril ainda era um tanto cedo pra nos aventurarmos nas águas do rio Verdon, que tem nascente nos Alpes. Mas nada nos impedia de ir lá onde a neve ainda estava boa e cobria as montanhas, lá onde começa o rio que faz parte do roteiro de todos os nossos hóspedes que chegam aqui durante o verão.

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Nossa despedida dessa temporada de esqui aconteceu aqui na Provença mesmo, na estação de Val d’Allos, a mais próxima de Aix-en-Provence, a 187km de distância. Aproveitamos que a previsão do tempo indicava dia ensolarado, e que estação tinha feito uma promoção de encerramento da temporada com tarifas a 9,99€, sábado cedinho vimos o sol nascer enquanto percorríamos a estrada pros Alpes, e a paisagem de primavera deixou o percurso ainda mais bonito. Vimos os campos de trigo verdinhos ao lado dos campos onde logo, logo brotarão os girassois, além das primeiras folhas aparecendo nas árvores pelo caminho.
O esqui de primavera tem inúmeras vantagens: além das temperaturas mais amenas nas pistas – fazia entre 0° e 5° pela manhã, e em torno dos 10° na parte da tarde nas pistas – os dias são bem mais longos – quando fomos, o horário de verão já havia iniciado e o sol se pôs depois das 20h, excelente pra fazer bate-volta mas também pra aproveitar algumas paradas estratégicas pelo caminho, além de conferir à paisagem montanhosa uma quantidade de luz que garante panoramas inesquecíveis.

 

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Tão logo deixamos a autoestrada, as surpresas começaram a se fazer presentes no nosso caminho. Não fosse nossa “pressa” em chegar no horário de abertura na estação, teríamos feito todo o percurso pela estrada nacional pra apreciar com mais calma os detalhes que cada vilarejo do caminho apresenta aos viajantes. Assim, seguimos na autoestrada A51 em direção a Sisteron, e pegamos a saída Les Mées, onde fica a impressionante formação rochosa mostrada nas fotos abaixo, conhecida como Les pénintents des Mées, Os penitentes de Mées. O paredão, quando visto de longe, lembra realmente um grupo de penitentes em posição de oração, e durante a noite a iluminação confere um aspecto dramático e destaca a paisagem, que pode ser facilmente vista da autoestrada.

 

Os penitentes de Mées

 

Os penitentes de Mées
À medida que nos aproximávamos do nosso destino, o relevo se impunha em ambos os lados da estrada, e os cumes das colinas começavam a dar indícios de que o inverno, mesmo não tendo sido rigoroso nas planícies e baixas altitudes, não tinha faltado ao encontro no topo dos relevos. Pouco a pouco, as construções provençais com muros em tons de ocre cederam lugar às construções alpinas, co seus telhados em ardósia e detalhes em madeira. A estrada, como não podia deixar de ser em se tratando de um percurso que data da idade média, seguia o curso do rio Verdon, e suas águas cristalinas com leito de pedras, e tons de azul onde a profundidade se fazia importante, anunciava tanto nosso destino hivernal quanto nosso destino estival, um prelúdio do que não tardará a nos ocupar nos meses mais quentes. Sempre me emociono quando vejo o Lago de Sainte-Croix, quando vejo o Verdon reluzir do alto do desfiladeiro, e não foi diferente ao me aproximar cada vez mais de sua nascente.

 

 

 

Quando chegamos à estação, o sol brilhava alto e o céu azul anunciava um belo dia pra se despedir das pistas. Foi com grande alegria que vi a neve boa cobrindo o topo da montanha, e uma boa quantidade de pistas ainda abertas, com um número considerável de esquiadores, mas não uma multidão, como esperava. Confesso que prefiro assim, quando a estação é menos movimentada, porque sou dessas que é capaz de esperar todos que chegam pelo teleférico descerem as pistas antes de me lançar na descida – sou entusiasta do esqui, não tenho nível avançado. Tão logo nos munimos do mapa da pista e dos nossos cartões de acesso, embarcamos no teleférico morro acima, onde a bela paisagem me deixou sem fôlego por alguns segundos, e a necessidade de contemplar aquela imensidão acidentada se fez mais forte que a vontade de deslizar neve abaixo.
Contrariamente à estação de Alpe d’Huez, onde esquiamos a 3000 metros de altitude, na estação de Val d’Allos chegamos a 2200 metros de altitude e o panorama é este das fotos abaixo. Depois de praticamente um dia todo esquiando, o momento mais mágico foi sem dúvidas a descida da pista da nascente do rio Verdon. Pra mim, a temporada 2013-2014 teve um sabor mais que especial: depois de um inverno sem esquiar, pois não calcei os esquis na temporada 2012-2013 por conta da dedicação ao último ano do mestrado, os 4 destinos deste ano tiveram cada um seu momento marcante: em Vars, onde esquiei pela primeira vez e levei meu tombo que me deixou mais de 6 meses parada, aprendi a fazer curvas com menos dificuldade; em Serre Chevalier, onde fiz minha primeira aula, passei 3 dias esquiando com Bernardo, e desci minha primeira pista vermelha; em Alpe d’Huez, além de descer minha primeira pista primeira, ainda tive a chance de descer a pista preta mais longa do mundo; Val d’Allos foi nosso primeiro dia de esqui juntos, só os dois, um bate-volta em casal que eu sempre quis fazer. E fiz, me despedindo do inverno e do meu esporte predileto da estação, descendo parte do caminho feito pelo rio que é presença constante nos nossos passeios estivais. E que venham as remadas rio abaixo! E, por que não, as pedaladas nas estações de esqui, que abrem durante o verão com uma série de atividades estivais!

 

Depois de conhecer o rio Verdon e seu desfiladeiro durante o verão, subimos até sua nascente pra esquiar.
Pista Sources du Verdon (nascentes do Verdon)

 

Pista Sources du Verdon

 

 

 

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