Projeto #52livros, livro 3: La tête coupable

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Português/Français

Sim, o nome continua em francês, e isso porque só encontrei um livro de Romain Gary traduzido pro português, e ainda discordo da tradução do título. Enfim, “A cabeça culpada” pode ser um tradução livre que dê uma idéia vaga do teor da trama. Com este romance, Gary me levou ao Taiti, e minha leitura atrasou porque segui o ritmo da vida nos trópicos, onde o tempo corre de outra forma. Quando leio, procuro a evasão da alma, a mesma procurada quando viajo. E foi bem isso que consegui com essa leitura.
Gary foi um dos escritores que me apareceram quando eu estava pesquisando artigos pra monografia do primeiro ano de mestrado, mas como ele não atendia completamente os critérios dos autores que usei como referência pra análise do meu tema, deixei-o de lado por um tempo, mas nos encontramos em Roquebrune-Cap-Martin. Quando flanava pelas ruelas do vilarejo, uma placa numa esquina sinalizava que o autor, há muito falecido, teria vivido uns tempos ali. Depois, quase diariamente, passo diante do café Les deux garçons, onde ele passou grande parte de sua temporada em Aix-en-Provence à redigir um romance, ao invés de frequentar as aulas na faculdade de direito.

Eu poderia ter escolhido um dos dois romances do autor que foram premiados com o Goncourt –  equivalente do prêmio Jabuti, mas recompensando simbolicamente com 10€ o autor, sendo a tiragem especial do livro premiado a real recompensa. Gary é o único a ter conseguido o feito de dupla premiação, graças a um pseudônimo de Emile Ajar. Poderia também ter escolhido La promesse de l’aube – traduzido em português como “Promessa ao amanhecer” – livro considerado como autobiográfico. Mas escolhi aleatoriamente, quando me deparei com a capa do livro – o último de uma trilogia que vou ler de trás pra frente.

A narrativa de Gary é envolvente, rica em detalhes e com personagens complexos, que guardam um ar misterioso que atrai a atenção do leitor, mistério que só é revelado no último instante da trama, e que surpreende. A riqueza na descrição do cenário escolhido é tamanha que, por vezes, pude ouvir o mar se agitando, as folhas de coqueiros dançando ao vento, sentir a brisa morna dos trópicos acariando a pele. Emoldurando todo esse belo cenário, as águas turquesa e areia branca e fina que vemos nas fotos do Taiti. Quanto aos personagens, ambigüidade é palavra de ordem em se tratanto de sua personalidade, e ambigüidade é também a forma escolhida pelo autor pra encerrar seu relato apaixonante.

Projet #52livres, livre 3 : La tête coupable

Je vais faire un petit aveu, mais vous promettez ne pas m’en vouloir ? Je suis un tout petit peu en retard dans mes lectures, mais j’ai une très bonne raison : le livre lui-même m’invite à une lecture, comme dirais-je, à son temps. L’histoire se passe à Tahiti, et nous savons tous que le temps a un tout autre rythme dans les tropiques, alors il faut le suivre. La lecture, c’est aussi l’évasion le l’âme, donc il ne faut pas la presser tant que ça pour que la fin arrive.

Le responsable pour cette lecture lente ? Romain Gary. J’avais lu un article de psychanalyse à propos de l’écrivain lorsque je faisais mes recherches pour mon mémoire de master 1, mais j’ai fini par ne pas me plonger dans son univers littéraire, choisissant un autre écrivain à l’époque pour servir à mes propos. Mais j’ai rencontré Gary dans mes voyages : à Roquebrune-Cap-Martin, j’ai passé devant l’une de ses demeures ; à Aix-en-Provence, j’y passe assez souvent devant le café où il a passé du temps à écrire un roman, plutôt que de passer son temps à la fac de droit. C’est ainsi que j’ai décidé de lire “La tête coupable”. J’aurais pu choisir également “La promesse de l’aube”, histoire de le lire dans un sens analytique. Ou bien son ouvrage consacré par le prix Goncourt, “Les racines du ciel”, ou celui de son pseudonyme Emile Ajar, “La vie devant soi”. Mais j’étais dans la libraire, j’ai jeté un oeil sur la couverture de “La tête coupable”, elle m’avais plu, son titre aussi, et je l’ai acheté. Comme quoi, on peut très bien choisir un livre par sa couverture.

Quoi dire d’un écrivain deux fois consacré par le Goncourt, et que n’a pas était dit auparavant ? C’était une agréable découverte que la plume de Gary : une lecture fluide, une précision dans les portraits des personnages, tout en leur laissant l’air mystérieux qu’il faut pour une bonne trame. Voilà que tous les ingrédients étaient réunis pour faire de cette lecture un moment d’évasion, ainsi que de multiples réflexions, notamment à propos de ce qu’il évoque souvent, du côté de son personnage principale, comme étant une perte de l’innocence des peuples. Gengis Cohn, un nom choisi avec un tel soin, ne pourrait être autre qu’un personnage fascinant. Ce con de Cohn, à qui on pourrait bien adresser une caresse comme une gifle, inspire les sentiments les plus paradoxaux, et à plusieurs reprises laisse entrevoir ce qui est de sa véritable nature, ainsi que de sa souffrance. Malgré le fait que j’aie lu le dernier livre de la trilogie, il m’a donné envie de découvrir les deux premiers volumes. 

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