Galerias em Florença: Academia e Uffizi

postado em: Europa, Florença, Itália, Toscana | 2

Várias pessoas proferiram a mesma frase quando anunciei os planos de visitar Florença pela primeira vez: a cidade é um museu a céu aberto. A frase serviu pra apaziguar meu espírito ansioso de quem deve ver o máximo possível num curto espaço de tempo, e me introduziu ao maravilhoso conceito de slow travel: reduzir o ritmo frenético de visitas e priorizar atrações. Inclui no roteiro de visitas indispensáveis as principais galerias em Florença: Academia e Uffizi. Resolvi não fazer uma lista exaustiva de passeios, o que veio a calhar depois de três dias de trilhas pelas montanhas em Cinque Terre. Além disso, meu primeiro encontro com Florença tinha sido tão mágico que não quis estragar o laço de encantamento que tinha tecido na véspera de adentrar os muros do centro histórico da principal cidade toscana.

Roteiro de dois dias em Florença

Entretanto, alguns lugares não poderiam ficar de fora da minha primeira visita, e depois de muito percorrer as pequeninas e esclarecedoras páginas do mini-guia Lonely Planet, e de consultar diversas vezes o blog da Deyse, Passeios na Toscana, defini as linhas gerais do roteirinho de dois dias de visitas no estilo “introdução à capital renascentista”. Além de ter reservado dois dias inteiros para visitar Florença (lembrando que nossa viagem contou 9 dias no total, sendo 4 na Ligúria e 5 na Toscana), viajamos bem no meio da primavera, quando os dias começam a ficar longos, as temperaturas começam a subir e queremos aproveitar mais os passeios ao ar livre e a natureza, pra tirar o mofo do inverno e curtir os raios de sol. Sem falar que nossa mascotinha, Luna, foi conosco e era importante pensar numa forma de integrar passeios culturais e passeios caninos.

Onde comer em Florença: Restaurante Il Santo Bevitore

Igrejas de Florença: Duomo e Santa Croce

A cidade respira arte
Florença às margens do Arno cedo pela manhã transmite uma pas e tranquilidade de cidades pequenas

Galleria dell’Academia

Dedicamos o primeiro dia da nossa estadia em Florença pra conhecer as galerias, responsáveis pela reputação artística da cidade. Na época em que planejei o roteiro tentei reservar os bilhetes direto no site dos museus de Florença, seguindo as dicas preciosas que a Ana Catarina Portugal deu neste post pra evitar filas e ganhar tempo, pois sabia que a cidade estaria bastante frequentada – época de férias de páscoa na Itália e na França (vi muitas excursões escolares de franceses pelos corredores da Uffizi). Mas não havia mais bilhetes disponíveis nos sites, e já estava prestes à me resignar com o fato de enfrentar filas longas quando a Deyse, que é guia na Toscana, fez as reservar dos bilhetes pra mim.

Saimos bem cedinho do hotel pra garantir uma vaga no estacionamento da Piazzale Michelangelo, que é gratuito. Num surto de bobeira, troquei a reserva de um hotel no centro de Florença (sem estacionamento) por outro a 20km da cidade, mas quando chegamos e vimos que seria muito fácil estacionar por ali e que não estaríamos tão longe do centro assim, fiquei muito chateada com esse vacilo. Enfim, chegamos lá cedinho, e estacionei sem problemas numa alameda arborizada na frente da praça, porque a Luna iria ficar no carro durante o tempo da nossa visita à galeria da Academia, agendada pras 9h. Deixamos água no carro, rebatemos o banco traseiro se ela quisesse ir pro porta-malas, e com o passo tão apertado quanto nossos corações por deixa-la ali nos dirigimos ao primeiro rendez-vous cultural em Florença.

No caminho, eu tive de fazer um pequeno desvio pra ver de perto a obra prima monumental que é o Duomo de Florença, e a primeira impressão deixou meu queixo caído. Os detalhes da fachada foram delicadamente revelados pela luz dos primeiros raios de sol. Só tive tempo de fazer a fotinho abaixo, e seguimos apressados pra Galleria dell’Academia.

Galleria dell’Accademia

Uma vez diante do edíficio, nos dirigimos à entrada especial para visitas com bilhetes reservados, informei meu nome e paguei os bilhetes (20,75€ para a Galleria dell’Accademia, sendo 16€ para o ingresso e 4,75€ pela reserva – tarifas 2019). Acho que a reserva é conveniente em períodos de grande frequentação – alta temporada, feriados e finais de semana – mas como chegamos relativamente cedo e a fila estava pequena, poderíamos ter esperado um bocadinho mais para entrar sem pagar a taxa de reserva, mas se o tempo que ficar na cidade for contadinho e a intenção for visitar muitas atrações durante a estadia, acho que é uma excelente opção.

Outra opção “fura-filas” e que pode ser econômica é o Firenze Card: válido por 72 horas, ele custa 85 euros ele dá acesso a um grande número de museus e monumentos florentinos, e a opção FirenzeCard+ que custa 92 euros para 72 horas também inclui meios de transporte urbanos – tram e ônibus – e conexão WiFi gratuita. Vale colocar na ponta do lápis os gastos estimados com as entradas individuais das atrações a serem visitadas e avaliar se compensa ou não – no nosso caso não compensava por causa da duração da nossa estadia, 2 dias e meio, e porque não fiz uma lista imensa de museus e monumentos para visitar.

Passamos pelo raio-x e entramos na galeria. Logo após a entrada, uma exposição mostra o olhar fotográfico sobre as obras de arte, e já serve de introdução para a visita.  Eu tentei me conter ao máximo, mas a emoção foi mais forte e não consegui impedir que as lágrimas me invadissem os olhos quando fiquei face à imponente obra de Michelangelo. Não foi a emoção do primeiro encontro com uma obra do artista – o primeiro “Michelangelo” que vi de perto foi a Madonna de Bruges, e fiquei paralizada por alguns instantes, sem acreditar que estava diante de uma das obras do aclamado artista. Diante dos meus olhos, do alto de seus mais de 5 metros (incluindo a base), esculpido em mármore de Carrara e detalhes impressionantes, a impressão é que David vai saltar a qualquer momento do pedestal e caminhar pela galeria, ou seguir pra onde seu olhar se dirige, Roma.

Foto: Accademia

Quando fomos em 2014 as fotos NÃO eram autorizadas no interior das Gallerias. A escultura ficava na frente do Palazzo Vecchio, mas foi subsituída por uma réplica no século XIX e desde então tem lugar de destaque na galeria, atraindo turistas de todo canto. Dei inúmeras voltas em torno da obra prima de 510 anos, mas também dedicamos  bastante tempo para percorrer as demais obras que dividem o primeiro andar com David, além de admirar o impressionante acervo de pintura sobre painel que ocupa o segundo andar, onde pudemos inclusive assistir um vídeo reproduzindo o delicado e laborioso processo de confecção dos painéis.

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Galleria degli Uffizi

A visita programada para a parte da tarde era da Galleria degli Uffizi, e o processo para receber o ingresso foi o mesmo: me apresentei na bilheteria dedicada às reservas antecipadas, paguei o valor (20,75€, 16 do bilhete e 4,75 euros da taxa de reserva) e fui pra fila especial, que era consideravelmente menor que a fila para comprar bilhetes na hora, sem dúvida em função do horário – por isso recomendo o período da manhã, muito mais tranquilo pra transitar pelas ruas de Florença e também para visitar as atrações. Novamente, fotos NÃO eram autorizadas no interior da galeria, e mesmo com o grande número de turistas, por lá vi muita gente tomando bronca por desrespeitar a regra (ao contrário do que aconteceu na Academia, não vi ninguém fiscalizando, o que não significa que as fotos são liberadas, mas cada um responde por si).

O nascimento de Vênus, Sandro Boticcelli, 1483. Galleria degli Uffizi.
Imagem: Google Art Project – visite o link para ver de perto mais detalhes da imagem

 

Foram cerca de três horas passadas percorrendo as salas que abrigam um grande número de obras de artistas italianos, bem como pintores holandeses e franceses, dentre outros, mas a visita com calma merece muito mais tempo. Tive de definir um foco, e optei pelo imperdível da Uffizi, e valeu. Novamente, o fato de me deparar com uma obra prima, que é a Vênus de Boticcelli, foi emocionante. Mas além disso, duas obras me chamaram atenção: Liberazione di Andromeda, de Piero di Cosimo, que data do século XVI, e Ritratto del nano Morgante, de Bronzino, também do mesmo período, que retrata o mais célebre anão da corte de Médici numa pintura frontal e de costas.

Piazza della Signoria

É justamente na Piazza della Signoria que a frase “Florença é um museu a céu aberto” ganha todo seu sentido. As esculturas expostas no terraço à frente do Palazzo Vecchio, assim como diante do edifício são uma bela expressão do quanto os Médicis fizeram em termos de mecenato outrora, garantindo à Florença um lugar de destaque no mundo das artes. Para contemplar com tranquilidade as obras encontradas na praça, vale acordar cedinho e percorrer as ruas de Florença antes dos demais turistas acordarem – e tomar café vendo os florentinos desfilarem elegantemente e um tanto apressados pelas ruas.

 

 

 

Perseu e Medusa, Piazza della Signoria, Florença

2 Responses

  1. Telma Sousa

    Olá, achei muito interessante e amando as dicas do blog de vcs! Dicas valiosas para planejar a viagem para Firenze e evitar os erros de principiante. Parabéns pelo site e por este post quer ajudará muita gente!!!

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