Depois de termos dedicado nosso primeiro dia de passeio em Florença ao aspecto cultural, com as
visitas às galerias dell’Academia e degli Uffizi, o segundo dia prometia uma agenda mais tranquila, sem horários marcados, sem filas – ou quase – e com bastante chão pra percorrer e ruelas por entre as quais se perder no coração do centro histórico de Florença. A ideia era aproveitar o aspecto tão famoso da cidade, de ser um museu a céu aberto, e flanar, incluindo uma visita aqui e ali que porventura se apresentasse em nosso caminho sem rumo.
As visitas escolhidas na listinha que preparei antes da viagem foram do Duomo de Florença e da Igreja Santa Croce, e optei por deixar pra outra ocasião uma grande lista de atrações da cidade. Florença é uma cidade repleta de atrações imperdíveis, e escolher o que visitar e do que abrir mão é tarefa complicada. Em compensação, elaborar uma listinha básica de atrações foi facilitada quando considirei alguns fatores que diminuiram consideravelmente minha sensação de que “vou perder algo”:
1- moramos mais perto da capital do Renascimento do que da capital da França: 600km separam Aix-en-Provence de Florença, contra 760km entre Paris e Aix, ou 630km de casa até Bordeaux;
2- tive pouco tempo pra pesquisar com cuidado os passeios culturais, e preferi deixar pra uma outra visita ao invés de visitar par default, o que transformaria a viagem num roteiro estilo maratona, sem dispensar a devida atenção aos lugares visitados;
3- viajamos durante um feriado relativamente movimentado, o da Páscoa em 2014, e enfrentar filas não estava na nossa lista de atividades predileta pra curtir as mini-férias. O ritmo que quisemos dar ao passeio foi mais tranquilo, e os lugares que escolhemos pra quebrar o ritmo das visitas e aproveitar momentos ao ar livre foram tão importantes quanto os museus e galerias escolhidos, lembrando que o inverno tinha acabado poucas semanas antes da viagem e aproveitar o sol e tempo ao ar livre pra tirar o mofo foi nossa prioridade.
Assim sendo, entre uma ruela e outra do magnífico centro histórico de Florença, nossa andança até que rendeu belas visitas e um encontro especial com a querida Deyse Ribeiro, blogueira e guia de turismo especializada na Toscana – certamente visitarei novamente a cidade guiada por ela, que tem um conhecimento imenso de história, arte, gastronomia e enologia da região – capaz de saber porque as pedras são colocadas de um determinado jeito numa construção, tamanha sua sede de conhecimento, que ela compartilha conosco no delicioso blog
Passeios na Toscana, que foi leitura de cabeceira pra eu preparar meu roteirinho e ter uma listinha de “visitaremos quando voltarmos”.
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Duomo de Florença – Igreja Santa Maria dei Fiori
Quando chegamos à Florença fomos direto assistir ao pôr-do-sol, e lá do alto da Piazzale Michelangiolo, ao explorar visualmente o panorama, meus olhos se repousaram longamente sobre a imensa cúpula da suntuosa construção. Nesse instante, fui invadida por uma imensa emoção, de uma parte por ver a paisagem toscana com suas colinas ganhando tons dourados do crepúsculo iminente, de outra parte por ver a capital do renascimento italiano diante de mim, com tão serena e cheia de façadas e ruelas a explorar. Mas meu primeiro encontro face à face com o duomo teria de esperar até o dia seguinte, e foi meu furtivo, quando nos dirigíamos à Galleria dell’Academia para nosso encontro com uma das esculturas mais famosas da cidade.
Apesar de ter sido deveras rápido, a primeira vez que me vi aos pés da igreja foi marcante. Depois de ter contemplado em inúmeras fotos, a fachada rica em detalhes e cores do duomo estava diante dos meus olhos, e o silêncio e calma das ruas do centro deram um toque de magia a esse primeiro encontro, que foi rapidinho porque tínhamos hora marcada pra visitar a Galleria. Apesar de ter sido rápido, foi um momento intenso que alimentou meu desejo de voltar rapidinho pra contemplar com a devida atenção os detalhes da fachada, coisa que só fizemos no dia seguinte.
Quando fomos à Florença, em abril de 2014, o batistério estava sendo restaurado, e sua fachada estava coberta por andaimes, o que nos privou de parte do conjunto arquitetônico da praça do duomo. Optei apenas por visitar o interior da igreja, sem as visitas ao batistério e à cúpula. Depois de alguns minutos na fila pra entrar na igreja (entrada gratuita), me encontrei no centro da nave banhada pela luz do dia, a contemplar sua imensidão e a pintura da gigantesca cúpula, a maior do mundo, com 45 metros de diâmetro. O que mais me impressionou no interior da igreja, além da pintura da cúpula, que necessitou 6 anos de trabalhos, é a quantidade de luz natural e o acabamento simples, que contrasta com a riqueza de detalhes da fachada, coberta de placas de mármores de diversas cores, procedentes de várias regiões italianas.
O escritor francês Victor Hugo, que foi um grande defensor do patrimônio histórico, disse que antes da invenção da imprensa, a arquitetura ocupava um lugar de grande importância na sociedade por servir de registro material de crenças e acontecimentos. Acredito que bela fachada da Santa Maria dei Fiori seja um belo exemplo das palavras do escritor.
Igreja Santa Croce
Santa Croce foi a segunda igreja que visitamos, e onde ficamos por mais tempo. A única fila que encaramos foi pra compra do ingresso (6 euros por pessoa em maio de 2014), e era uma fila bem pequenina. Como estávamos com a Luna, eu fiz a visita enquanto Bernardo aguardou na praça, e depois trocamos. Tão logo me vi dentro da nave da igreja, meus olhos marejaram, a emoção de me encontrar sob o teto onde repousam Michelangelo, Machiavel, Galileu e Rossini me invadiu ao longo de toda a visita. Ao caminhar através da nave da igreja, me sentia cada vez mais pequena diante de nomes de grandes figuras históricas. A visita continuou ainda além da igreja, no antigo refeitório ainda marcado por uma grande enchente do rio Arno, e terminou no belo claustro florido. Depois de terminada a visita do lugar, ainda flanamos pelas ruas de Florença, atravessamos o Ponte Vecchio e nos despedimos da cidade de Dante Alighieri para seguir viagem rumo a Siena.
Deyse
Adorei o texto e ja compartilhei. Obrigada por me citar! Aguardo vocês novamente aqui, mas com o Victor!
Pedro Sá
Que grande artigo. Fiquei ainda mais desejoso de lá voltar 🙂 – Obrigado Natalia
Marianna Maia
Olá, Natalia, tudo bem?
Descobri seu blog ano passado quando procurava dicas de viagem na Provence. Fui em setembro para Aix e amei. A cidade é mesmo encantadora!
Na ocasião, li um post seu sobre o curso de francês que vc fez na Aix-Marseille Université. Me animei e pretendo, em breve, voltar para Aix. Dessa vez para estudar!
Lendo o site do curso, fiquei com a impressão de que cada módulo semestral compreende um nível de francês, que vai do 1 ao 6. Então, para fazer o curso completo seriam necessários 3 anos? E, se eu me matricular em 1 ano de curso, vou estudar apenas os níveis 1 e 2; é isso mesmo? Ou não entendi direito?
É que pretendo tirar o maior proveito do tempo que passarei aí, que em princípio, seria de 1 ano, para realmente aprender a língua para, quem sabe, depois me matricular em um Master.
Por isso, gostaria de saber como é a evolução durante o curso e se, após 1 ano, eu estaria apta a avançar para uma pós-graduacao em francês.
Obrigada, Marianna.
Natalia Itabayana
Ei Mariana!
O curso não é linear, sua progressão depende do seu nível. Se teu projeto é de passar um ano acho que vale vir pro curso de verão, que é intensivo, e depois emendar o curso anual. Apesar de durar um mês, aprendemos muito nesse perìodo.