Amsterdam

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Amsterdam, detalhe pro Museu da Vodka
Prostituição e drogas, tulipas e moinhos. Achou clichê? Pois Amsterdam é isso, uma cidade onde sexo, prostituição e drogas andam lado a lado, de mãos dadas, e os holandeses não se mostram nem um pouco incomodados. Acho que, na verdade, depois de tantos anos recebendo turistas pelo acesso fácil aos psicotrópicos, apesar de nem todos serem tolerados e pela atividade de prostituição ser exercida de forma regulamentada, o problema são os excessos que os turistas podem cometer, e que levaram o governo a propor um projeto de lei que permite a frequência aos coffee shops somente aos holandeses. Fomos à cidade antes de o projeto ser apresentado, e conto como foi o passeio, começando pelo trajeto Antuérpia-Amsterdam.
As estradas na Europa são uma maravilha, não é? Bom, as estradas são sim, mas quanto ao trânsito, isso depende. Experimente transitar no Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) e dar de cara com engarrafamentos em estradas com cinco pistas. O acesso às principais cidades é feito pelos anéis rodoviários, mas transitar neles é um verdadeiro exercício de paciência. Invariavelmente, pra ir de uma cidade à outra, a estrada vai passar em algum momento por um desses anéis.
Dam
Apesar dos países serem pequenos, as cidades principais são imensas, e o número de veículos é gigantesco. Segundo um instituto que analisa o tráfego na Inglaterra, França, Benelux e Alemanha, a galerinha de Amsterdam passa 65 horas semanais engarrafada, enquanto os parisienses passam 70 horas dentro de seus veículos, na velocidade “escargot”. Claro que o tempo que enfretamos de trânsito lento nem se compara aos quilômetros de lentidão registrados em São Paulo, ou às horas perdidas pelos franceses e holandeses tentando circular em suas respectivas capitais, mas é algo que devemos considerar quando planejamos uma viagem de carro, e o tempo é um bem relativamente precioso.
A viagem de Antuérpia até Amsterdam não se estendeu excessivamente. Chegamos no início da tarde na capital dos Países Baixos e, fica a dica, carro não é o melhor meio de transporte pra utilizar por lá. Nos hospedamos em um hotel perto do aeroporto, deixamos o carro no estacionamento durante os dois dias que ficamos na cidade e usamos o transporte público pra chegar ao centro, sem problemas ou dificuldades. Por que não ficar no centro? No nosso caso, o estacionamento iria acabar ficando bem pesado no pacote, hotéis no centro, em fim de semana, são um pouco mais caros e difíceis de encontrar quartos disponíveis que reunissem as condições mínimas que procuramos (não é muito querer ter banheiro e ducha no quarto, é?).
Inspiração pra “Avaiana de Pau”
Depois de deixar a bagagem e o carro no hotel, tratamos de partir pro centro de Amsterdam e aproveitar que o sol deu o ar de sua graça aquele dia, isso porque a cidade não é conhecida por seus dias de sol e sim pela chuva que cai quase 300 dias por ano. O hotel disponibiliza um serviço de ônibus até o aeroporto, de onde seguimos de trem até o centro.
Minha reação ao sair da estação central foi de total deslumbre, ja que fazia uma ideia completamente diferente da imensa e agitada cidade que via do lado de fora. A avenida principal que saia da estação estava tomada por uma multidão que caminhava em todas as direções, enquanto centenas e bicicletas percorriam as ciclovias ao lado de trams que transportavam mais uma enorme quantidade de pessoas. Em resumo: nunca vi tanta gente, tanto movimento, tanto caos organizado na minha vida.
Amsterdam pra mim é isso: um caos organizado. Ao chegar na praça do Dam, mais multidão: uma fila imensa se formou na entrada do museu Madame Tussauds, muitas pessoas estavam sentadas ao redor do monumento da praça, várias outras se agruparam em torno de algo que não foi possível identificar tamanha multidão. Depois de mais alguns passos, me convenci de que a cidade é sempre atribulada assim, e que nem por isso as coisas deixam de funcionar e as pessoas deixam de atender bem os turistas.
O único museu que visitamos em Amsterdam foi a cervejaria da Heineken, e não me envergonho de dizer que não planejei visitar o museu Van Gogh ou a casa de Anne Frank. Depois de mais de um ano morando na Europa, tive uma overdose de museus e igrejas, e confesso não conhecer nenhum museu em Aix-en-Provence. Minha última busca por uma pintura de Van Gogh que apreciou bastante teve um resultado frustante, e foi na última ida à Paris: entrei no Museu d’Orsay procurando a Noite Estrelada do pintor, pra descobrir que o quadro estava emprestado. Apreciei outras obras, mas a pontinha de decepção por não ter visto a que desejava se estendeu às viagens seguintes, e quando pensamos em Amsterdam os museus não entraram no roteiro, mesmo sabendo que a maior parte da obra do pintor repousa na capital holandesa.
Red Light District, bairro da Luz Vermelha
Amsterdam não é só capital da Holanda, ou das bicicletas (os holandeses percorrem em média 300km por ano nas magrelas), mas é também berço da cerveja Heineken, e apesar a fábrica de outrora foi transformada em uma interessante atração que conta sua história e que vale à pena ser visitada. A família Heineken (imagine você ter este sobrenome? Pois é, acho que muita gente queria!) está no comando da marca há quatro gerações, e a herdeira mais rica da Holanda está à frente do império que foi impulsionado pela ambição do seu pai, que investiu pesado em publicidade e impulsionou a marca no mercado mundial. Depois de descobrir como é feita a cerveja, experimentar a primeira etapa do processo de fabricação e passar pela atração 4D da qual participamos como ingrediente, podemos também degustar o que foi, com certeza, a melhor Heineken que já bebemos.
Heineken Experience
Depois da Heineken Experience, fomos passear um pouco mais pela cidade, e inevitavelmente chegamos ao bairro da luz vermelha, a vitrine da prostituição. Vale ressaltar que em Amsterdam a venda e consumo de cannabis nas coffee shops é “tolerada”, mas a prostituição é legalizada e as profissionais do sexo pagam impostos e tem direito à representantes no governo, e também devem passar por visitas médicas com frequência. As moças ficam em vitrines, como manequins de loja, usando lingerie e acenando pra chamar os homens. O bairro também tem sex shops a cada 5 passos, sem falar nos shows de sexo ao vivo. A cada um de tirar suas próprias conclusões sobre as modelos vivas nas vitrines da região, as minhas guardo pra mim mesma.
Domingo foi um dia importante pra torcida do time da capital, o Ajax, que disputou a final do campeonato holandês e conquistou o título. A cidade, que na véspera já estava cheia, foi tomada por uma horda vestindo branco e vermelho que se dirigia à Museumplein, praça onde mais tarde o time seria recepcionado pelos torcedores. “Campeão” foi a palavra de ordem do dia, e os torcedores so não se jogaram nos canais da cidade porque, bem, eles devem ter seus motivos! Mas o bairro da luz vermelha estava bem movimentado, assim como a avenida principal e outros pontos turísticos da cidade, e o cheiro de cannabis invadiu a atmosfera da capital, mais forte do que na véspera. 
Restaurante chinês e Estação central de Amsterdam
Ao andar pelas ruelas não é raro pessoas passarem por você oferecendo cocaína que, ao contrário da maconha, é proibidíssima, sendo inclusive comum encontrar nas coffee shops avisos dizendo que drogas pesadas não são legais… contradições que nem mesmo os holandeses sabem explicar. Além das coffee shops também existem as smartshops, onde são encontradas as sementes de cannabis e também os cogumelos psicotrópicos.
Outra maneira de conhecer é cidade é fazendo um passeio de barco que passa pelos principais canais e pontos turísticos da cidade, sem falar no bem que faz pros pés e pernas ficar sentadinho por uma hora e mesmo assim ver o que a cidade tem pra oferecer. Não fizemos o passeio que dá possibilidade de embarcar e desembarcar quando se bem entende, mas se o tempo na cidade for mais longo acho que vale a pena, é uma boa oportunidade de visitar as atrações usando um meio de transporte agradável. Confesso que meu alívio veio grande parte do descanso dado ao meu joelho, que foi estragado por um tombo mal tomado no ski em dezembro. Andar em média 12 quilômetros por dia pra lá e pra cá, usando sapato inapropriado, diga-se de passagem, não fez nenhum bem à articulação danificada, e voltei com um joelhinho inchadinho e ouvindo da minha mãe, do outro lado do mundo, aquelas coisas que mãe sempre diz quando nos ferramos (e elas tem razão o tempo todo. Mal posso esperar pra ter razão um dia também).
Foi por causa do joelho em frangalhos que não alugamos a bicicleta pra passear pela cidade, porque as magrelas holandesas, ao contrário das que estamos habituados, não tem o freio no guidon, e eu poderia provocar uma tragédia de proporções catastróficas caso não raciocinasse em tempo recorde que pra frear tem que pedalar pra trás. Parece débil, deve ser débil, mas eu não estava disposta a arriscar perder meu joelho no caso de uma freada brusca que me obrigasse a saltar da magrela e por os pés no chão pra parar (depois que a gente se estraga uma vez, pensa em milhões de maneiras de evitar se estragar de novo, e aí começamos a pensar em tragédias de todas as espécies). Além disso, imaginem que em uma cidade com cerca de 750 mil habitantes existem 600 mil bicicletas. Os números são intimidadores, os holandeses saem das barrigas das mães e já sabem pedalar antes mesmo andar, tenho certeza.
Keukenhof
O segundo e último dia em Amsterdam terminou com a festa da torcida do Ajax em toda a cidade, e no dia seguinte partimos pra Lisse pra visitar Keukenhof, o jardim de tulipas, mas como fomos na última semana em que o jardim fica aberto as tulipas que restavam estavam em vasos, e os campos já tinham sido colhidos. Fica a dica: o jardim é muito bonito, mas a melhor época é primeira quinzena de abril, quando as tulipas já floriram e os campos ficam coloridos que é uma beleza! 
Depois de Lisse seguimos pra Bruxelas, onde fizemos um passeio rápido pela Grande Place, visitamos a pequena mas celébre estátua do Manneken Pis e o imenso Atomium, que estava fechado aos visitantes, mas que impressiona pelo tamanho. A capital belga, apesar da visita rápida, deixou boa impressão pela beleza da arquitetura e também pela receptividade das pessoas. Voltar para o sul, depois da calorosa acolhida no norte, seria um banho de água fria…

Bruxelas, Grande Place

Manneken Pis

Atomium
(AGRADECIMENTO ESPECIAL À MINHA MÃE, POR VELAR PELA LÍNGUA PÁTRIA E CORRIGIR MEUS ERROS DE PORTUGUÊS)

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