4 dias antes da chegada de Victor |
Voltamos do Brasil no começo do ano, e minha primeira providência tão logo chegamos em casa foi marcar consulta com nossa médica de família pra nos informarmos sobre os exames e tudo mais a ser feito no início. Descobrimos bem no início mesmo, segundo o exame de sangue eu estava na segunda semana, e só sabia que a primeira ecografia seria feita por volta da 12a semana. Pedimos encarecidamente à família e aos amigos que estavam presentes quando descobrimos a gravidez pra não espalharem a notícia pois só o faríamos depois da ecografia, e era uma notícia que nós mesmos queríamos dar.
Já no dia da nossa chegada tinha a consulta marcada com nossa médica que pediu uma série de exames de sangue e a ecografia a ser feita 10 semanas mais tarde, e nos deu as primeiras orientações com relação à alimentação – não sou imunizada contra toxoplasmose, então as carnes deveriam ser muito bem cozidas, assim como saladas bem lavadas, o que no fim das contas resultou numa repulsa praticamente natural a carnes e saladas cruas ao longo da gravidez. Laticínios somente pasteurizados – camembert só em 9 meses! Pra eu descobrir na maternidade que existe a versão pasteurizada do queijo. A maior parte das privações veio naturalmente, não sofri por deixar de comer algo em especial.
Todos os exames de sangue estavam normais, restava aguardar a primeira ecografia pra ver noss@ camarãozinho, e esse foi o primeiro furo da nossa médica, que não nos orientou sobre quem deveríamos procurar, e acabamos marcando a ecografia num centro de imagens perto de casa. No dia D, descobrimos que não era ali, mas com um ginecologista obstetra que deveríamos ter agendado – e eu com cara de ovo deitada na cama de exames senti como um balde de água fria na cabeça. A médica fez a ecografia assim mesmo, mas meio contrariada porque não era a especialidade dela – e portanto eu havia informado que se tratava de uma ecografia de primeiro trimestre e a secretária não falou nada quando marquei a consulta. Não ouvimos o coraçãozinho bater mas o vimos pulsar, assim como vimos os 4 membros de um micro bebê. Saimos com nossa única foto e eu, chateada pela má nota da nossa médica, comentei com uma amiga tão logo anunciei a gravidez pra ela, e foi assim que consegui o contato do ginecologista que nos acompanhou durante o pré-natal – a ginecologista que eu tinha marcado só teria vaga pra quando estivesse no quarto mês, e eu não sabia que as parteiras (sage femme, em francês) também fazem o acompanhamento pré-natal e nem conhecia uma na época, e precisava fazer rápido a primeira ecografia pois nela determina-se a data do início da gravidez mas também são feitas as medidas pra depistagem de síndromes cromossômicas.
Primeira coisa que perguntei foi ao médico foi sobre as atividades físicas, principalmente corrida, e ele disse que não eu deveria evitar pedaladas em trilhas, mas no asfalta estava liberado (o que achei ótimo, o máximo de trilha que faço é acostamento sem pavimentação), yoga, natação e caminhada estavam liberadas e a corrida ele disse que eu deveria ficar de olho no débito cardíaco pra não prejudicar o fluxo de sangue mandado pro bebê – a tal explicação do sacolejo não me convenceu jamais. Continuei a correr até o início do 4o mês, e parei porque ficou pouco divertido chegar na esquina de casa e querer voltar pra esvaziar a bexiga, sem falar que eu comecei a me sentir desengonçada. Corro por prazer e não por obrigação, então substitui a corrida pela caminhada e pela natação, já que meu objetivo era manter um ritmo de atividade física saudável.
Eu só informei no trabalho que estava grávida depois que entreguei monha declaração de gravidez à seguridade social, e consegui negociar com o RH que meu contrato acabasse somente no fim de julho, quando começaria monha licença maternidade – eu tinha um contrato de duração determinada que seguia o calendário escolar mas que foi renovado e por isso negociei a data de fim. A diretora de RH foi bem compreensiva e obtive a data de fim de contrato no exato dia de início da licença. Além disso, também fiz o pedido de vaga na creche do hospital onde trabalhava, e como ela também é responsável pela análise dos dossiês da creche e sabia do fim do meu contrato, ela me acordou uma vaga externa, ou seja, mesmo não sendo mais funcionária do hospital minha vaga estava garantida – 70% das vagas na creche do hospital são reservadas aos filhos do pessoal e o restante à demanda exterior ao pessoal do hospital. Vaga na creche aqui é disputadíssima, os dossiês são entregues tão logo a primeira ecografia é feita e não tem vaga pra todo mundo, o que faz muita gente recorrer às “assistantes maternelles”, que cuidam de crianças que não estão em idade escolar (antes dos 3 anos), mas a tarifa é bem mais salgada. O governo subsidia parte do custo em função da renda nesse caso, e no casonda creche a mensalidade é calculada em função da renda mas não necessariamente tem subsídio do governo.
No 5o mês viajamos pra Nova Iorque, com liberação do médico, e fizemos a segunda ecografia, a mais demorada e completa, na véspera da viagem. É nessa ecografia que sabemos o sexo do bebê, mas antes mesmo de engravidar eu acabei por decidir fazer o mesmo que minha mãe, esperar a hora H e deixar pra ser surpresa. Bernardo ficou ok com a decisão, aproveitei que pra gente o que importava era a saúde de bebê e não o fato de ser menino ou menina e disse que iríamos aguardar então. Eu sempre desnconfiei que teria um menino, e ele passou parte da gravidez achando que seria menina. Quando viajamos pra NY, o Victor ainda estava atravessado na minha barriga, os pés do lado direito e a cabeça do lado esquerdo, mas no meio da semana lá eu senti que ele virou de cabeça pra baixo – eu já tinha começado a sentir os micro chutinhos antes da viagem.
Não saber o sexo não dificultou em nada a preparação pra chegada do Victor já que rosa ou azul estavam fora de cogitação como cores predominantes pra enxoval, e o quarto já era beige, não seria pintado. Escolhi carrossel e circo como tema pra decoração e amarelo, azul e vermelho dão os toques de cor no berço e nas fotos escolhidas. Comprei poucas roupinhas pois o médico estimou que ele seria pequenino quando nascesse – 3kg no máximo, então poderia repetir bastante as roupinhas de recém-nascido.
Escolhi a maternidade do hospital de Aix, que fica perto de casa, pra ter o bebê, e fiz a visita antes que confirmou minha escolha. A preparação pro parto pode ser feita na maternidade ou com as parteiras que atendem em liberal, optamos pela segunda por conta da flexibilidade de horários e fizemos as 8 sessões preparação sozinhos – nossa parteira não faz as preparações em grupo, e foi um dos critérios que me fez escolhê-la. Ela também é a única em Aix que faz parto domiciliar, foi outro critério por conta do tipo de abordagem que imaginei que ela daria pra gerenciar a dor do trabalho.
A data estimada pra chegada do Victor era 18/09, mas o apressadinho resolveu nascer no mês do aniversário dos avós maternos, já no 9o mês, no dia 26 de agosto, 3 dias depois da última consulta pré-natal. Mas isso é assunto pro próximo post ☺
Central Park, Nova Iorque. Foto: Marcella Conti Photography |
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