Lille |
Às quatro horas da manhã de uma quinta feira toca o despertador. Mochilas arrumadas na véspera, nos arrumamos e partimos pro aeroporto. Pouco mais de uma hora de viagem, acima das nuvens que apareceram aos poucos pelo percurso, o avião começa o procedimento de pouso, e começamos a atravessar uma espessa camada de nuvens, até que, com a sutileza de um guerreiro viking, o piloto pousa o avião que poderia muito bem estar carregado de batatas, tamanha delicadeza empregada durante o procedimento. Pela janela, no gramado que ladeia a pista, coelhos correm. As portas se abrem, o vento frio bate no rosto, nos pés, obriga a colocar o casaco leve que quase não é usado na Provence. Chegamos ao Nord-Pas-de-Calais, bem-vindos à Lille.
Almoço em Dunkerque |
Conhecida como capital francesa de Flandres (região flamenga que se estende do departamento Nord, passando por parte da Bélgica até chegar à Holanda), o nome da cidade tem origem na palavra “ilha”, devido à sua localização às margens do rio Dêule. Quando começamos o passeio tive a sensação de já estar na Bélgica: os prédios com tijolinhos aparentes e as cores que preenchem as fachadas nos mostram que o norte precisa de subterfúgios arquitetônicos pra compensar o que o sul tem de sobra: a presença de sol e céu constantemente azul.
Imitando Jean Bart |
No entanto, algo que o norte tem e que o sul deveria aprender: as pessoas são de uma simpatia e hospitalidade, acolhedoras a tal ponto que dá vontade de levar pra casa. Prova disso: quando você entra em uma padaria, já tem que saber na ponta da língua seu pedido. Indecisa que sou, ao entrar numa padaria e ver aquela infinidade de delícias, fica difícil escolher uma só pra servir de café da manhã. Pois a atendente não só se mostrou extremamente paciente enquanto eu decidia, como puxou papo e até fez brincandeira!! No sul, isso não é tão frequente. Perambulamos por Lille durante duas horas, depois seguimos pra Dunkerque, cerca de 80km dali, onde fomos encontrar os queridos amigos Luciano e Marcela, que esperam a pequena Manuela chegar.
Em flamengo, Dunkerque significa “igreja de dunas” e é banhada pelo mar do Norte, que trás um vento frio e forte, que pode até fazer o mistral parecer uma brisa. A cidade do corsário Jean Bart foi praticamente destruída durante a segunda guerra e seus edifícios são mais modernos, mas o campanário construído no século xv foi uma das poucas construções que restaram intocadas durante o conflito, e hoje abriga o Office du Tourisme da cidade. Depois de passear pelo centro, terminamos a tarde na praia, onde é fácil ver várias pessoas praticando kitesurf, em companhia dos colegas brasileiros que moram no norte. A próxima parada é na Bélgica, em Bruges.
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