Safari Museum
No primeiro piso do museu ficam as peças da coleção permanente, sendo que os exemplares da fauna de cada continente ficam expostos na grande sala por onde entramos. África com os famosos “Big Five”, Américas, Austrália, Ásia e Europa, todos têm espécies representadas e bem identificadas. Uma das mais recentes peças da coleção é o rinoceronte, antigo morador do zoológico da Barben, nos arredores de Aix-en-Provence, que depois de falecer foi empalhado e ganhou destaque na sala.
“Terre des hommes”
Além da grande sala principal, outras duas salas podem ser visitadas no piso térreo. Na sala à direita podemos ver a história do homem contada através de ferramentas, peças de arte, pinturas rupestres e vestígios de atividades agrícolas, dentre outras. Ali, aprendi que foram os persas os primeiros a domesticarem as cabras para consumo próprio, cerca de 8 mil anos atrás. Também vemos vestígios das primeiras atividades metalúrgicas, como a planta de autos fornos muito antes da revolução industrial.
“Terre du vivant”
No outro extremo da galeria principal, uma sala dedicada às funções vitais dos animais explica como cada espécie se adaptou ao ambiente para garantir sua sobrevivência. Alimentação, respiração e reprodução são explicadas de forma clara e objetiva, e ilustradas em imagens e vídeos. O que mais me chamou atenção foi a estratégia reprodutiva da belíssima aranha-pavão, encontrada na Austrália. O pequeno aracnídeo faz uma bela coreagrafia para seduzir a fêmea, exibindo uma cauda colorida e agitando-se de um lado pro outro. Confesso que fiquei hipnotizada pelos movimentos graciosos do animalzinho, mostrados em um vídeo com trilha sonora mais que apropriada pra cena.
Mandíbula de cachalote |
Mosassauro |
Fóssil de fundo marinho encontrado no litoral do Marrocos |
No segundo andar do museu visitamos a exposição temporária “Des Océans et des Hommes” (Os homens e os oceanos), que teve início em 16 de abril de 2014 e pode ser visitada até 4 de janeiro de 2015. A exposição retrata o fascínio que o mar exerce nos homens desde a antiguidade, com citações de Aristóteles e da Vinci, passando pelas representações cartográficas que mostravam monstros fantásticos povoando os oceanos e atormentando o imaginário dos povos, que ainda assim se lançaram nas navegações. Das grandes navegações portuguesas nos séculos XVI e XVII às expedições de pesquisa mais recentes, passando pela empreitada de Charles Darwin à bordo do Beagle, podemos ver objetos usados pelos navegadores, livros de bordo, itinerários e cartas ilustradas.
Um espaço inteiramente dedicado aos mares e oceanos, e ao impacto das atividades humanas sobre o ecossistema marinho é o ponto alto da exposição, em particular o impacto provocado pela abertura do canal de Suez, que estabeleceu a ligação que existia nos primórdios entre os mares Vermelho e Mediterrâneo, e como as espécies de ambos têm feito para se adaptar à essa nova comunicação. Mas a cereja do bolo fica no final do percurso: um vídeo impressionante feito por mergulhadores do encontro com o celacanto, o fóssil vivo marinho, exemplar que é um capítulo à parte da história natural. O filme que mostra o encontro do mergulhador com o animal e que pode ser visto durante a exposição é impressionante. Num mergulho de 30 minutos na África do Sul, o trabalho da expedição científica foi muito mais longo que isso, mas garantiu belas imagens e trouxe à tona mais elementos para o debate sobre a importância primordial da preservação dos oceanos.
Nossa visita ao museu durou três horas, mas acho que poderíamos ter ficado mais, não fosse a fominha que começou a se manifestar. A visita é indicada também para crianças, e no final da exposição os pequenos podem se instalar nas mesas dispostas com giz de cera e papel, e desenhar o que mais os interessou no museu, para ser exibido no painel. Para saber mais sobre a questão dos oceanos, sugiro a leitura do excelente blog da Lucia Malla, bióloga, mergulhadora e defensora dos sete mares e dos oceanos – sem esquecer dos tubarões.
“E o mar proporcionará a cada homem nova esperança”, Cristóvão Colombo |
Darwin, o Beagle e a volta ao mundo que revolucionou a ciência do século XIX |
Salle de Provence
Informações práticas:
Além dos museus de História Natural e Belas Artes, o Palácio Longchamp tem belas fontes na entrada e um parque logo atrás, ideal para um piquenique em família, uma leitura à sombra de uma árvore ou um momento de descanso depois da visita a um dos museus. Ao lado do jardim fica o Planetário de Marseille, uma boa opção de passeio para os amantes das estrelas.
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