Depois de passarmos três dias bastante esportivos percorrendo as trilhas de Cinque Terre, pegamos estrada novamente, e o destino foi a região vizinha, aquela cujo brilho e calor do sol colorem as colinas com tons de dourado que só mesmo por lá podem ser vistos: Toscana. Quando pensei o roteiro dessa viagem, que inicialmente seria até as Cinque Terre, não resisti ao ver a Toscana tão pertinho, mas tão pertinho mesmo do nosso destino “final”. Bastou abrir o Google Maps pra desenhar o itinerário e ver que Pisa estava logo ali, bastava percorrer apenas uma horinha de carro.
Escolhi fazer uma parada rápida em Pisa, sem pernoitar – mesmo sabendo que não é o ideal, mas o fator tempo pesou muito no planejamento – e seguir viagem para Florença. Bernardo sugeriu incluir Lucca no roteiro, e assim dividimos o dia entre algumas horas flanando por Pisa durante a manhã, e uma tarde para conhecer Lucca, que fica a poucos kilômetros de distância e bem no caminho por onde passaríamos para ir a Florença, onde queria chegar no fim da tarde, pouco antes do pôr-do-sol.
Saimos de La Spezia por volta das 9 horas, e em pouco tempo na autoestrada já avistamos a placa que indicava a entrada nessa região mítica da Itália, e juro que me arrepiei. Quando vi a cidade de Carrara e seu conhecido mármore ao longo do trajeto, quase me belisquei, pois era difícil acreditar que estávamos na Toscana. Em cerca de uma hora, nossa primeira parada se fez bem visível no horizonte, e a emoção me invadiu novamente quando avistei ao longe a ponta da Torre de Pisa.
Pisa
Quando planejei a parte do roteiro pela Toscana, usei o guia “Florença em poucos dias” da Lonely Planet (em francês), que dá dicas sobre a cidade e arredores. Foi nele que vi que meu périplo de poucas horas em Pisa era possível, e como meu interesse principal era ver as atrações da Piazza dei Miracoli de pertinho, sem necessariamente me preocupar em visitar tudo por dentro. O guia também indicou um estacionamento gratuito em Lungarno Guadalongo, e foi pra lá que seguimos, lembrando do conselho que nossos amigos tinham dado pra evitar estacionar nos arredores da Torre por causa do grande número de veículos. Como caminhada não nos assusta (os 21km de trilha dos 3 dias anteriores são prova disso), estacionamos no Lungarno, mas as vagas gratuitas já estavam todas ocupadas, e acabamos pagando cerca menos de 3€ pelo estacionamento, que nos deu tempo suficiente para percorrer com calma o trajeto até a praça e voltar. Se não tivéssemos feito assim, algumas das imagens abaixo não ilustrariam este post, e certamente Pisa perderia parte do encanto que despertou em mim.
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Porque foi justamente o inesperado que me encantou: percorrer tranquilamente as margens do Arno e contemplar a calmaria de suas águas, que servem de espelho para a bela arquitetura toscana que tanto vemos em cartões postais e fotos da região. Mas foi o legado romano e medieval da cidade que mais me surpreendeu: Pisa é um imenso sítio arqueológico a céu aberto, e nosso caminho foi repleto de descobertas de pequenas preciosidades expostas.
E as surpresas continuaram tão logo deixamos a margem do rio Arno e atravessamos o centro histórico em direção à Piazza dei Miracoli. Quanto charme, quanta beleza abriga o centro de Pisa! E quantos comentários injustos já ouvi sobre a cidade! Fato é, cheguei ali com apenas um interesse, uma expectativa: ver a famosa torre pendente. Mas o caminho que me levou até ela foi tão surpreendente que não pude parar de pensar o tempo todo no quanto deve ser bacana passar ao menos dois dias em Pisa, ou fazer dela uma base pra visitar com calma a região da Toscana.
Mas a maior das surpresas estava por vir. No fim da rua estava o ponto de interesse que me levou à cidade: tortinha, ou melhor, bem torta, a famosa Torre de Pisa recepciona os turistas do mundo inteiro que se desdobram em poses para registrá-la de forma inusitada. Ao lado, o imenso Duomo de Pisa, com parte da fachada sendo restaurada, mas já me habituei à cena quando vou à Itália, sinal de que o patrimônio está sendo cuidado. Optamos por não visitar nenhum dos monumentos desta vez, nem mesmo a catedral (a fila pra retirar o bilhete gratuito estava imensa!), e ficamos um tempo a contemplar o conjunto arquitetural da praça. A imponência dos monumentos e a beleza do conjunto certamente valeram, e muito, a visita, e merecem o retorno numa outra ocasião.
Caminhamos por ruas menos turísticas na volta, e no início da tarde voltamos à estrada rumo à segunda parada do dia, que é assunto pra outro post: Lucca.
A torre não é a única construção tortinha da cidade
Rai Britto.
Através da sua explanação, adorei Toscana Espero um dia conhecê-la.
Natalia Itabayana
Espero que possa ir em breve, é um lugar encantador!
Pedro Pereira
Ainda não fui Toscana mas este artigo despertou-me a curiosidade 🙂