Amor à primeira vista. No caso, na primeira visita. O clichê se aplica muito bem pra descrever o que sinto em relação à Lyon. Depois de quase 4 anos morando na França, e depois de ter passado eventualmente pela cidade de trem, entre uma ida e outra à Paris, tomei como resolução que de 2013 não passaria minha ida à terra dos irmãos Lumière. E foi bem na festa das luzes que decidimos conhecer a cidade. Mas já saimos com data marcada pra voltar, e companhia escolhida: achamos por bem levar nossos pais até lá, com a certeza de que iriam gostar de Lyon. Vinte dias depois da nossa primeira visita, lá estávamos de mala, cuia e cachorrinho a tiracolo.
Tem paixões que não se explicam, que transcendem a lógica e o limite do racional. Lembro-me da emoção que senti ao percorrer as ruas de Paris pela primeira vez, há 9 anos. Das lágrimas que inundaram meus olhos ao ver a torre Eiffel, imensa diante de mim, enquanto eu me beliscava pra ter certeza de que meu sonho de garotinha estava se realizando. Quando fui à Lyon, fiz uma viagem sem expectativas, sem roteiro fixo, contrariamente ao que aconteceu na minha primeira visita à Paris. E isso contou muitos pontos à favor, e transformou uma viagem bate-volta, feita num fim de semana frio em que a cidade estava lotada, num passeio surpreendente.
Logo que caminhamos despretensiosamente ao longo da margem do rio Rhône, fui invadida pelo desejo de me juntar aos corredores que por ali se exercitavam. E anotei na minha lista de “coisas pra fazer na próxima visita”. E foi de tênis de corrida que cheguei na cidade, nessa segunda vez. Percorri não somente a margem do Rhône, como também contemplei as margens da Saône, caudalosa por conta das chuvas.
As margens do imponente Rhône tem muitas semelhanças, em termos de estilo arquitetônico, com as margens da Sena, em Paris. Mas Lyon tem um charme que escapa à capital, uma magia que me fez voltar à cidade rapidamente. Talvez seja minha maneira de descobrir a cidade que tenha feito meu encantamento ser grande, pois quando fomos à Lyon pela primeira vez, não montamos um roteiro, e esse tem sido nosso estilo de viagem ultimamente, e as surpresas são muito agradáveis. Minha única atividade essencial na cidade era correr às margens do Rhône, mesmo que fosse uma corridinha curta, só pra matar a vontade.
Ao fundo, no horizonte, os Alpes
Notre Dame de Fourvière e ruínas do anfiteatro des Trois Gaules no caminho
Na manhã seguinte à nossa chegada, acordei cedo, esperei os primeiros raios de sol apontarem no horizonte, calcei meus tênis e fui assistir a cidade acordar, tendo em mente um esboço de itinerário que incluiu as margens do Rhône e da Saône, e que aos poucos foi incrementado por boas surpresas no meio do caminho, como a iluminação ainda acesa em alguns pontos do percurso, os cisnes e patos nadando tranquilamente pelas águas do Rhône, uma fachada inteiramente pintada em trompe l’oeil e ilustrando personagens conhecidos da cidade, como os irmãos Lumière e Saint-Exupéry com seu Pequeno Príncipe, ruínas de um anfiteatro romano, um panorama espetacular dos Alpes e da igreja Notre-Dame de Fourvière, e o charme insuperável das margens da Saône, que mesmo num dia cinzento de chuva, exibe cores nas fachadas de seus prédios que são dignas de arrancar sorrisos dos passantes e encher de alegria um dia com cara de triste.
Especialidade de Lyon: ilusões de ótica
No dia seguinte, meu ritual foi o mesmo, e o percurso sofre uma pequena alteração em relação ao primeiro dia, para contemplar uma volta no belo Parc de la Tête d’Or, ao invés de passar por Vieux Lyon. Também assisti os patinhos acordarem, a névoa ainda cobria o parque, e o sol teimava em sem esconder por trás de nuvens, até que finalmente decidiu presentear o parque com alguns raios. O inverno pode ser uma estação meio chata pra quem mora em regiões frias, pois o verde da paisagem dá lugar ao marrom, o céu ganha nuvens, o sol nasce cada dia mais tarde e se põe cada dia mais cedo… Mas o inverno também proporciona, em contrapartida, cenas um tanto mágicas, como as que presenciei nessas manhãs geladas de um fim de semana de dezembro em Lyon, cidade que emana poesia. Taí, talvez seja esse o quê a mais que Lyon tenha em relação à capital, pelo menos para mim.
A cidade é realmente maravilhosa! Tanto que ja entrou na minha listinha de lugares pra dar escapulidas de fim de semana, nem que seja pra um jantarzinho e um pedaço de tarte praline!
Johnnie Lustoza
Viva a França… tenho amigos de Lyon que vivem me convidando para uma visita. Um dia tomo coragem e vou. Parabéns pelo post. Abraços
Natalia Itabayana
Aceita logo o convite, Johnnie! Certeza de que irá amar a cidade, é um encanto!
Vera
Lyon é uma cidade maravilhosa…mas eu sou suspeita 😉
Natalia Itabayana
A cidade é realmente maravilhosa! Tanto que ja entrou na minha listinha de lugares pra dar escapulidas de fim de semana, nem que seja pra um jantarzinho e um pedaço de tarte praline!
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