Agora, a vez dos hábitos. Quanto ao conhecido hábito de assoar o nariz de forma um tanto barulhenta, muito comum em tempos frios, não me choca, talvez porque já presenciei isso quando passei férias na Suíça e inclusive eu mesma faço, antes pôr pra fora fazendo barulho do que fungar discretamente e ser nojento. Aqui ninguém te olha com cara de quem viu extraterrestre roxo de bolinhas amarelas, simplesmente ninguém te olha porque todo mundo faz isso, mas experimenta dar uma fungada pra você ver… Vai ser olhado como se fosse a barata gigante do filme Men in Black!
E sim, fede-se aqui, mas não necessariamente só os franceses fedem (e não são todos!), basta dar um passeio pelos órgãos de atendimento aos estrangeiros pra tirar da cabeça a ideia de que o francês é um povo fedido e começar a generalizar pra outras populações do globo. E para responder à pergunta que não quer calar: o banho aqui em casa é diário, por vezes duas vezes ao dia, então não precisam nos olhar torto e achar que fedemos quando chegarmos no Brasil, temos muito gratidão aos índios por terem nos ensinado este hábito saudável!
Um aspecto mais bizarro que o fedor característico de pouco ou nenhum banho são os dentes, amarelinhos às vezes, pretinhos não raramente, faltando em alguns casos, e constatar que a publicidade dentária não ajuda muito, é comum ver propagandas instruindo a escovar os dentes de manhã e à noite. Somente nas duas últimas semanas que vi propagandas de duas marcas de dentifrício diferentes, uma dizendo pra escovar três vezes ao dia, e a outra sim, dizendo pra escovar após as refeições.
Sou afilhada de dentista, nunca tive medo de consulta, sempre adorei ir ao consultório do meu tio porque ele tinha feito um bonequinho super divertido pra não deixar a gente com medo e que ensinava a gente a escovar os dentes direito, então banguela eu espero não ficar tão cedo! Mas Bernardo e os outros colegas brasileiros são motivo de espanto ao serem vistos escovando os dentes depois do almoço, e inclusive já foram questionados por alguns de seus colegas franceses sobre a razão da escovação…
Agora, na escala de « o que mais te irrita nos franceses », e que inclusive falei durante o curso de francês que fiz no verão, quando a professora perguntou, e meus colegas de várias nacionalidades concordaram unanimemente comigo: dirige-se extremamente MAL aqui. Lembram da propaganda da Peugeot que se passava na Índia, que um cara vê um 206 e olha pro seu carro, pega um martelo e remodela o carro à forma do 206? Aqui eles fazem isso sem o martelo, simplesmente estacionando ou andando pelas ruas.
Eu dirigo muito pouco, mas não é raro Bernardo me dar relatos das navalhadas francesas, muitas delas podendo acabar em acidentes. Mas pra quem aprendeu a dirigir e encarou o trânsito de Belo Horizonte, as únicas diferenças em relação a Marseille são a largura (aqui, a falta de largura suficiente) das ruas e a presença do mar.
E a saudade?? Bem, não estamos imunes à ela, mas graças à internet podemos minimizar um pouco!
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