Já fomos pro Brasil com equipamento de ski e snow comprados, além de reservar chalé e tickets pro fim de semana de abertura da estação de Vars. Confesso que sai de casa um tanto hesitante e incrédula em relação ao esporte que nunca antes tinha praticado, mas quem tá na neve é pra esquiar, então resolvi encarar os tombos.
A viagem até a estação se passou sem maiores problemas, a paisagem pelo caminho é bastante bonita e chegar num lugar coberto de neve é sempre aquele momento mágico quando não estamos habituados à visão da imensidão branca. Chegamos na sexta à noite e fomos recepcionados por Jana, Dudu e Guilherme, e aos poucos e restante da turma se juntou à nós e fomos dez, distribuídos pelos três andares e quatro quartos do chalé.
Sábado foi o dia da abertura da estação e todo mundo acordou super empolgado pra descer as pistas, e eu ali, meio incerta e menos empolgada porque não sabia nem como subir nos esquis, quem dirá me manter de pé com aquelas pranchas presas aos pés…
Bernardo me ensinou a fazer curvas, a ficar em cima dos skis, a frear, e depois de uma manhã e início de tarde descendo pista de debutante, caindo eventualmente, e conseguindo finalmente chegar ao nível de descer a pista sem cair, já tinha perdido o medo e disse pro Bernardo que a gente podia ir encontrar com nossos amigos que tinha descido uma rampinha mais à frente. Fomos pela rampinha, cai, Bernardo também caiu, rachamos de rir de cada tombo, realmente cair é muito engraçado, tentar levantar com as botas que são duras quando você não tem muita habilidade é um desafio, e levantei, seguimos em frente e nos deparamos com uma pista bem mais divertida. Descemos até o ponto onde tem o teleférico e o puxador (o puxador é tipo uma cadeirinha que leva uma pessoa por vez pro alto de pistas não muito longas) e achei que daria conta da pista de debutante daquele lugar.
Ledo engano. Não tinha agilidade suficiente pra fazer curvas nem sabia muito bem como frear os skis, mas subi, tinha um monte de criançinha de 3 anos subindo, não devia ser o cão chupando manga, mas era, e ele ainda assobiava ao mesmo tempo. Cheguei no alto da pista e pensei: pronto, agora vou cair mesmo, mão não pago o mico de tirar os skis dos pés e descer andando, já tava no alto, pra baixo era só alegria. Desci fazendo zig zag, mas acabei entrando na pista do lado, mas dificil, mais inclinada, e com verglas (é quando vira gelo, perde o atrito e a gente se arrebenta). E foi ali que me arrebentei. Passei em cima do verglas, perdi todo o atrito com o chão, perdi o equilíbrio, e não lembro como cai, mas lembro que minha perna tava virada bizarramente, o ski ainda no meu pé (o que parece ser um pouco grave). Tentei mexer, porque na hora do tombo eu ouvi um barulho de estalo e a perna anestesiou, não consegui mexer nos primeiros segundos. Levantei a mão pro Bernardo, e ele levantou de volta, mas eu tava tentanto pedir ajuda, e ele pensou que eu tava mostrando o tombo. Quando vi que ele não tinha me entendido, peguei o bastão e levantei; em menos de 30 segundos ele correu uns 200 metros na neve e chegou muito assustado, perguntou o que tinha acontecido e eu disse que achava que quebrei a perna. Mas eu conseguia mexer, então ele falou que não deveria ter quebrado, era pra tentar levantar e sair dali.
Foi nessa hora que o corpo não respondeu. A perna não firmou, a dor subiu até a cintura e desceu até os dedos do pé, eu tentei segurar o choro e pedi pra ele chamar o socorro. Ele me sentou no chão e foi procurar ajuda, e ali não consegui mais conter as lagrimas. Eram lágrimas de dor, mas muito mais de tristeza, de sensação de fracasso, de decepção porque naquela hora me dei conta de que a brincadeira acabou, tinha arrebentado meu joelho e poderia ser sério, e aquele era só o primeiro dia da temporada… Por que isso tinha que acontecer logo no primeiro dia? Podia ter sido no último, não iria me importar de ficar em repouso no começo da primavera…
O socorro chegou, imobilizaram minha perna, me tiraram da pista de maca, a gente já estava muito perto do posto de emergência, e fui direto pra ambulância, que me levou ao médico. Quando chegamos lá, uma senhora estava tendo o pé imobilizado, caiu caminhando na rua, escorregou no gelo e quebrou o pé; um garoto tinha machucado o ombro no ski, me lembro dele na pista, debutante igual a mim, e estava no raio-x quando cheguei. Fui atendida, o raio-x não acusou ruptura de ligamento, mas o médico disse que pelo exame clínico tinha detectado uma lesão no ligamento cruzado, que fica bem no meio da birosca do joelho. Eu consigo dobrar o joelho, o problema é se eu torço a perna a dor é insuportavel. Ganhei 15 dias de imobilização, antiinflamatório, pedido de ressonância e indicação pra consultar ortopedista, e só ele pode me dizer quando posso voltar a praticar esportes.
Nunca chorei tanto num fim de semana, nunca me senti tão criança de novo quando subi nos skis, mas me senti igualmente criança quando eles foram tirados de mim, sou uma criança de castigo por uma traquinagem inocente… Conhecia os riscos do esporte e topei mesmo assim, sabia que iria cair, e cai muito, mas quando senti a dor, senti também toda uma onda de sentimentos de perda que superaram a dor da lesão… E assim foi minha primeira experiência nos skis, e espero que me recupere bem pra que não seja a última!
Flávia Pestana
Nossa amiga, que chato isso…
Segue direitinho as recomendações médicas que rapidinho ele te libera para voltar a praticar esportes.
Saudades…
Beijocas…
Cínthia Nascimento Coelho-Fize
Apesar de toda a dor do universo, gostei de ver o seu sorriso na maca….. kkkkkkkk so vc mesmo…. agora TRATE DE MELHORAR LOGO pq ja to pensando em comprar meu equipamento para o ski em janeiro!! Anda, anda!!!!
Anônimo
Adorei seu passeio…
Lindas as fotos!!!!
Ainda bem que não teve maiores lesão com o LSA!!!
Rapidinho vc melhora… vai fazer fisioterapia e me conte depois!!!!
Bjos
Fabiana Saade
ArthurFrançaBrasil
Nossa Natalia e Bernardo que tristeza deve ter sido tudo isso. Eu sei que faz tempo, mas eu como educador físico e sem "juízo" fiz o mesmo que você, me arrisquei muito na primeira vez que esquiamos em Mendoza- AR, mesmo sabendo os riscos. Segundo a minha esposa, a minha sorte é que eu tenho o santo forte, e olha que eu nem acredito em santos.
Espero que seu joelho já tenha melhorado!!!
Natalia Itabayana Junqueira de Mattos
Foi mesmo um super susto mega chato, mas felizmente e graças à fisioterapia pude voltar à esquiar, e ainda consegui aproveitar o ultimo fim de semana da temporada que sofri o acidente! Mas depois disso fiz duas aulas, so pra garantir que não me machucaria por não saber como fazer uma curva! O joelho nunca mais vai ser 100%, mas consegui retomar minhas corridas graças às pedaladas que me levavam às sessões de fisio, sem falar no abandono forçado que fiz do salto alto durante a recuperação, mas aos poucos tudo entrou nos eixos, e agora posso esquiar sem dores!