Mas afinal, o que você faz por aí?

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“Mas afinal, o que você faz por aí?”. Esta é a pergunta que não quer calar, que me foi dirigida inúmeras vezes ao longo desses dez meses que estamos na França. Como eu vivo é que é a real fonte de curiosidade. A verdade é que, ao contrário do que alguns podem pensar, não estamos aqui de férias, curtindo a vida e passeando todos os dias. Bernardo veio a trabalho, eu me dispus a abrir mão do meu trabalho pra vir, e em troca tenho uma oportunidade única de enriquecimento pessoal, junto com ele.

Então, o que eu faço enquanto Bernardo trabalha? Não vivo vida de madame, já perdi a conta de currículos enviados à procura de emprego. A crise bateu feio aqui, e emprego não chove pra eles, quem dirá pra nós, estrangeiros. Na época que chegamos o ano escolar estava quase no fim, então não pude me inscrever no curso de francês, e não falava uma palavra do idioma, um sufoco só… O jeito foi comprar gramática e estudar sozinha até chegar a época de me inscrever pro curso de verão, em julho. Quando fiz minha inscrição foi com surpresa que recebi o resultado da avaliação de nivelamento: estava no nível intermediário forte, em mais ou menos quatro meses aqui!

Fiz o curso de verão e hoje estou no segundo semestre do curso anual de francês, que vai terminar em maio. Não posso trabalhar como psicóloga aqui enquanto não tiver mestrado, então essa é a próxima etapa depois do fim do curso de francês. Meu diploma foi analisado mas precisa ser equiparado ao diploma francês, e aqui são necessários cinco anos de estudo pra clinicar, mas apesar dos meus cinco anos de estudo no Brasil a equivalência não me colocou  no nível francês… Mas estudar um pouco mais não vai fazer mal nenhum, com certeza!!!

Além de eu estudar e Bernardo trabalhar, como somos filhos de Deus e merecemos descanso, no nosso tempo livre procuramos nos ocupar com passeios e outras atividades. A França é do tamanho do estado de Minas Gerais, então viajar aqui é prático porque em pouco tempo chegamos à destinação percorrendo boas estradas, mesmo quando escolhemos passar pelas estradas sem pedágio, e consequentemente com limite de velocidade menor, mas em contrapartida temos a possibilidade de passar por dentro das cidades e parar quando nos dá vontade e quando vemos algo que nos chama bastante a atenção, como foi o caso do castelinho ou da igrejinha que vimos no caminho pro lago que fomos num fim de semana no verão.

Passeios de carro, de bicicleta, ou simplesmente curtir nossa casinha, a primeira de nossa vida juntos, são algumas das formas que encontramos pra passar nosso tempo livre. Sempre que me perguntam de onde somos, ao responder que viemos do Brasil, a pergunta seguinte é recorrente: “Estão gostando da França? Mas vocês não sentem falta do Brasil?”. A resposta à primeira pergunta: gostamos da França, estamos apreciando a experiência e tirando dela o melhor proveito possível. A resposta à segunda: sentimos falta da família e dos amigos que ficaram no Brasil. Não que a França seja melhor, temos aqui problemas que no Brasil não tínhamos, da mesma forma que aqui temos problemas que não encontramos no Brasil. A saudade é das pessoas, o lugar é um mero palco pros encontros…

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