Já faz algum tempo que fizemos a visita ao Museu Rodin, em junho de 2013, mas lembro-me com riqueza de detalhes como tivéssemos percorrido as esculturas do jardim e dos cômodos do casarão, situado no 79 Rue de Varenne, como se fosse ontem. Esse era um dos passeios que queria fazer em Paris, mas sempre postergava porque as visitas à cidade eram rápidas demais, ou envolviam passeios por lugares que já conhecíamos, mas tinham objetivo de levar alguém que nunca tinha visitado a cidade luz antes. Dessa vez, estávamos com amigos que visitavam a cidade pela primeira vez, mas aproveitamos um passeio deles por um dos lugares que já visitamos e fomos descobrir o museu do artista.
Pra nossa sorte, fazia um dia lindo, desses que vemos sempre na Provença – céu azul e muito sol, paisagem perfeita pra compor o cenário impecável dos jardins do casarão. Era primavera, fomos brindados com um fim de semana de clima perfeito na capital, e seria legal aproveitar parte do dia passeando por um jardim, além de visitar um museu. E que jardim! Com vista pro dôme dos Invalides, onde estão os restos mortais de Napoleão, e ainda uma pontinha da torre Eiffel pra coroar “O Pensador”.
Encontre “O pensador” no jardim!
Curiosamente, o que mais me chamou atenção no museu não foram as obras do artista, apesar de serem de grande impacto. Claro que me impressionei deveras diante da Porta do inferno, criada à partir da descrição de Dante Alighieri na “Divina Comédia”, não fiquei indiferente à imponência do Pensador nem à emoção eternizada no Beijo. Mas frissons mesmo eu tive diante de uma pequena escultura, de três mulheres de mãos dadas prestes a serem submergidas sob uma onda em mármore-ônix. A escolha do material que representa a onda transmite bem o peso que irá se abater sobre o trio de mulheres, e impressiona. Tanto que Bernardo também ficou impressionado pela escultura, e comentou que tinha achado muito interessante, e conversamos um bocado sobre o pouco que eu sabia na época sobre Camille Claudel: aluna brilhante de Rodin, se apaixonaram, e tiveram uma relação que durou algum tempo.
Era realmente tudo que eu sabia, até começar uma leitura indicada por um colega do trabalho: “Camille Claudel, l’ironique sacrifice” (Camille Claudel, O irônico sacrifício) de Danielle Arnoux, uma psicanalista que faz uma belíssima releitura da trajetória da artista, desde seu início até a “loucura” que a levou ao confinamento durante trinta anos no hospital psiquiátrico em Avignon. Interesses financeiros e a moral da época da família de Camille contaram muito na decisão de interná-la; Rodin tinha uma relação mais antiga, Camille era uma amante, mais nova que o artista, e extremamente talentosa. Apesar da ruptura, Rodin continuou a velar sobre sua aluna, tendo sido responsável por conseguir que encomendas de esculturas lhe fossem feitas. O fim da relação, Camille representou através da belíssima peça “L’âge mûr”, a idade madura em tradução livre, que em bronze difere num detalhe da peça em gesso: a mão da mulher ajoelhada não toca a mão do homem, e na peça em gesso as mãos se tocavam. Foi no bronze que ficou marcado o fim de um relacionamento tempestuoso.
Eu já tinha me encantado com o trabalho de Rodin e Claudel numa exposição há muitos anos realizada em Belo Horizonte, onde foram apresentadas miniaturas das principais obras de cada artista. Ter a oportunidade de vê-las em tamanho real, num cenário cuidadosamente organizado e ainda com um belo dia ensolarado em Paris foi uma grande sorte.
Quem é interessado em esculturas e aprecia a obra de Rodin, vale reservar um dia na agenda pra conhecer sem pressa o Museu Rodin Paris. Também é possível visitar o atelier do artista em Meudon, onde ele está enterrado e onde estão em exposição as provas em gesso de suas esculturas. Leia mais sobre o Museu Rodin Meudon no blog Direto de Paris.
“L’âge mûr”, Camille Claudel
Leia também o texto da Patricia de Camargo sobre o Museu Rodin no Turomaquia.
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O pensador
À direita, busto de Rodin por Camille Claudel
“A onda”, Camille Claudel
A porta do inferno
Informações práticas:
Museu Rodin – 79 Rue de Varenne
Telefone; +33 (0) 1 44 18 61 10 (disque 0 se ligar da França)
Metrô: Varenne – linha 13 ou Invalides – linhas 8 e 13
RER; linha C estação Invalides
Ônibus; 69, 82, 87, 92
Tarifas (consultadas em março de 2016): 10€ bilhete integral: 7€ tarifa reduzida – cidadãos não europeus de 18-25 anos, quartas-feiras após 18h: 4€ detentores do Paris Museum Pass, jovens europeus entre 18-25 anos, primeiro domingo do mês; 4€ acesso unicamente ao jardim de esculturas.
Primeira vez no blog. Já acompanho os snaps. Muito lindo esse post, vontade extrema de ir ao museu para ver tudo tão de perto, a tua escrita me deixou com muita curiosidade…
Considero o Rodin o mais lindo dos museus. O palacete e seu interior, as esculturas espalhadas pelos jardins lhe conferem uma atmosfera única… E ainda tem a vista do dôme des Invalides de brinde! Parabéns mais uma vez pelo teu blog, Natália!
Elisangela Sanábria
Primeira vez no blog. Já acompanho os snaps. Muito lindo esse post, vontade extrema de ir ao museu para ver tudo tão de perto, a tua escrita me deixou com muita curiosidade…
Heloisa Krieger
Considero o Rodin o mais lindo dos museus. O palacete e seu interior, as esculturas espalhadas pelos jardins lhe conferem uma atmosfera única… E ainda tem a vista do dôme des Invalides de brinde! Parabéns mais uma vez pelo teu blog, Natália!
Patricia
Brigaduuuu pela indicação 🙂