Variações enigmáticas. O título faz referência à composição de Edward Elgar, composição que é pano de fundo de uma união improvável entre dois homens. O texto é o diálogo entre os dois, escrito para o teatro, e nos transporta imediatamente à frente do palco. Foi enquanto espectadora de agulhadas bem enderaçadas que li em praticamente um dia esse texto maravilhoso, de um autor que conheci através de uma história nada leve. Eric-Emmanuel Schmitt entrou pra lista de leitura do projeto depois que terminei “A parte do outro” (La part de l’autre), retrato fictício de um Hitler que frequentou a Escola de Belas Artes, enquanto o ditador rejeitado na mesma escola se presta às barbáries que conhecemos.
E foi ali que a narrativa do escritor me cativou. Escolhi “Variações enigmáticas” ao azar, porque o nome me soou interessante, mas aqui vai a apresentação do texto:
“Quem amamos quando amamos?Sabemos realmente quem é o ser amado? O amor partilhado não seria ele apenas um mal-entendido?
Em torno desses eternos mistérios do sentimento amoroso, dois homens se afrontam: Abel Znorko, Prêmio Nobel de literatura que vive longe dos homens numa ilha perdida no mar da Noruega onde ele alimenta sua paixão por uma mulher com quem ele manteve uma longa correspondência, e Erik Larsen, jornalista que usou como pretexto uma entrevista para encontrar o escritor. Mas por qual motivo incofesso? Qual sua relação secreta com essa mulher por quem Znorko ainda se diz apaixonado? E porque um misantropo aceitaria recebê-lo? A entrevista se transforma rapidamente num num jogo da verdade cruel e sinuoso, ritmado por uma cascata de revelações que cada um lança ao outro ao longo de um suspense sabiamente destilado.”
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