Quando comecei o projeto, troquei figurinhas com algumas amigas francesas, que me deram dicas de leituras, e vieram também dizer que não conheciam tal ou tal autor que eu estava lendo, o que me deixou feliz por dois motivos: elas lêem o blog – por isso também escrevo em francês, apesar de estar meio relapsa nos últimos posts – e por fazê-las descobrir novos autores. No dia do meu aniversário, ganhei 5 semanas de leitura do projeto, e fiquei feliz igual criança que ganha aquele presente que sempre esperou. O primeiro escolhido pra integrar o projeto foi “O estrangeiro”, de Albert Camus.
Aproveitando que neste ano é comemorado o centenário de nascimento do escritor, nascido na Argélia e prematuramente morto num acidente de carro numa estradinha saindo de Lourmarin, aqui na Provença, onde ele tinha uma propriedade que adquiriu depois de ter ganho o Nobel de literatura e onde está enterrado. Por isso, nem tive muitas dúvidas ao escolher o título, e fiquei realmente muito feliz quando descobri que o autor estava entre os presentinhos que minhas amigas tiveram cuidado em escolher.
Narrado em primeira pessoa e ambientado na Argélia, o livro conta o dia a dia do narrador-personagem em duas grandes partes. Confesso que a leitura da primeira parte do livro me foi um pouco difícil porque me pareceu extremamente desinteressante e entediante. Mas somente ao terminar de ler essa primeira parte é que percebi que trata-se do estilo de escrita do autor, cuidadosamente declinado de forma a nos fazer sentir o exato, se não mais, tédio sentido pelo narrador.
Isso até o fim da primeira parte. Daí pra frente, a história segue um caminho longe de ser entediante, e não posso ir além pra não estragar a surpresa de quem quer se aventurar nas letras de Camus. Certeza de que nenhuma palavra, nenhum detalhe foi incluído na trama ao azar. O romance de estreia do escritor já dá indícios sobre o tema do absurdo que ele vai tratar ao longo de sua obra. Falarei mais sobre o absurdo e a exposição em comemoração do centenário de nascimento do escritor que está na biblioteca Méjanes em Aix-en-Provence (até 5 de janeiro de 2014) no próximo post, já que o livro seguinte também é de sua autoria.
Projet #52livres, livre 9: L’étranger
Au tout début de ce projet j’ai demandé à mes copines quelques pistes de lectures pour que je puisse poursuivre mes recherches, et elles m’en ont recommandé des ouvrages classiques, ainsi que des écrivains contemporains. Et j’ai aussi reçu en cadeau d’anniversaire 5 bouquins, dont “L’étranger”, de Camus, qui a tombé a pique puisque j’envisageais justement d’inclure l’écrivain parmi mes lectures. J’ai profité alors de l’expo en commémoration du centenaire de sa naissance, que l’on peut visiter jusqu’au 5 janvier à la Méjanes à Aix-en-Provence (dont je parlerais dans le prochain billet) pour me lancer dans la découverte de la complexe plume de Camus.
Gustavo Belli
Camus é controverso e verdadeiro.
Uma leitura para poucos, vejo muitos se revoltando com o desenvolver e final deste livro, esperam sempre um final feliz nas histórias.
@GusBelli
Natalia Itabayana
Foi exatamente o fato de não ter final feliz e redondinho que me agradou em Camus. E concordo que ele tem um estilo verdadeiro, e penso que seja justamente essa verdade que causa tanta revolta naqueles a quem o fim não agrada. Se fosse um fim feliz, teria sido escrito provavelmente pelos irmãos Grimm, e eu nem teria gostado tanto 🙂
Melissa
oi Natalia, também li este livro novamente recentemente. Eu fui a uma espécie de palestra de Psicanálise com Direito e foi tão interessante discutir se ele teve dolo ou culpa no assassinato. Discutor os aspectos psicanalíticos e de Direito. Foi enriquecedor. Existe um livro que faz comentários de Psicanálise e Direito de capa vermelha, Vc pode até procurar lá no meu blog clicando no banner da Livraria Leitura… eu até ganho comissão.. nao sei se é possivel para vc comprar da França…
Mas qualquer coisa me fale! Achei ótimas as suas indicações de livros aqui. obrigada