Um ano na França

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Rotonde Jeanne d’Arc, Aix-en-Provence

Há um ano atrás, embarcamos pra essas bandas do mundo trazendo um bocadinho de coisas nas malas e bastante expectativa no coração. À partir de então, várias foram as mudanças pelas quais passamos, algumas já foram relatadas em alguns tópicos anteriores e outras que vez ou outra me ocorrem em momentos quando estou longe do teclado e deixo pra escrever em outra ocasião, e agora é uma boa pra contar um pouco mais dessas experiências pelas quais passamos e mudanças que nos marcaram.

Les Baux de Provence
Saimos do calor sufocante no começo do outono de 2010 e desembarcamos na primavera europeia; vimos as folhas brotarem e as flores colorirem a paisagem. Fomos à praia, sentimos calor, compramos ventilador pra casa, visitamos muitos lugares no verão, dentre eles Paris e Cassis. Assistimos o passar das quatro estações, presenciamos mudanças que não vemos no Brasil por conta do clima (falo sempre quem temos verão com chuva e sem chuva, pelo menos em BH). O outono foi a estação que mais gostei, as cores são fascinantes. Fomos à Oktoberfest, voltamos ao Brasil pra casar de novo, porque uma vez só não foi suficiente, recebemos família pro natal, ano novo e aniversário do Bernardo. Muito fatos marcaram esse primeiro ano aqui, e muitas pessoas cruzaram nosso caminho nesse período.
Savines-le-lac
Em um ano, aprendi um bocado de coisas sobre o país, a começar pelo idioma: agora consigo me virar sozinha, desde coisas básicas do dia-a-dia até pra achar ruim no atendimento da TAM pelo telefone, passando por assuntos complexos, como discutir o sexo dos anjos… Não tenho sotaque de brasileira, o que acho ruim, porque ninguém acerta de onde venho… Descobri que um bocadinho de palavras que usamos no português podem ter vindo do francês (cassetete, por exemplo, que aqui é “casse-tête”, significa quebra-cabeças, e não o porrete que o soldado usa pra bater nos outros). Cassis é uma cidade, não é só um licor ou sabor de sorvete.
Porto de Cassis
Uma das descobertas mais inusitadas foi sobre a origem dos nossos queridos e mega frequentados “centros de compras”: Paris, nos idos da modernização urbana do século XIX, foi berço das Galeries Lafayette, o primeiro conceito de centro de compras, que chamamos de “shopping centers”, assim como dos supermercados…

Gôndola, Veneza
Lembro bem de ouvir minha avó dizer com certa frequência a palavra “cache-pot” fazendo referência aos vasos onde colocava as plantas, mas nunca tinha questionado a palavra, até começar a equipar a casa e compras meus primeiros cache-pots… Ainda quando era criança, “blush” chamava “rouge” (pelo menos foi esse nome que me ensinaram quando me pintavam pra festa junina, única época do ano que ficava de bochechas vermelhinhas com pintinhas pretas feitas com o “crayon” da minha mãe). Agora, essa é pra quem é da geração da minha mãe: Barbapapa, um desenho animado, vem de “barbe à papa”, ou algodão doce, que invade as feiras de natal e faz sucesso entre adultos e crianças…
Barbapapa
Além das curiosidades linguísticas e experiências gastronômicas fora do comum (não, não comi testículo, descobri isso quando minha mãe foi comigo ao supermercado e me disse que era rim, e não testículo…), vivemos outras mudanças além do endereço. Mudei meus meios de transporte: passei da moto e carro pra bicicleta e ônibus, que funciona muito bem. De bike, não esquento mais a cabeça com estacionamento e pedalo até de salto! A corrida também ajuda a espantar a preguiça, e depois de passados 3 meses  do acidente de ski os tênis sairam do guarda roupas e voltaram ao asfalto pra corrida nossa de cada dia.
Veneza

Nesse primeiro ano aqui, muita coisa se passou por aí: vimos o Brasil dar adeus à copa do mundo no meio de um monte de franceses bestas (nem todos os franceses são bestas, só os que estavam torcendo contra o Brasil), vimos a França mostrar que sabe fazer greve muito bem, vimos uma mulher chegar à presidência do Brasil e fazer notícia ao redor do mundo, assistimos a primavera árabe, vimos a terra tremer no Japão, no Bahrein, na Thailândia… E um dos acontecimentos mais recentes e tristes, vimos os caças franceses chegarem aos céus líbios e começarem, com aval da ONU, a tentar tirar um doido que ta no governo há mais de 40 anos…

Annecy

Em um ano, muita coisa acontece, temos novos amigos, novas manias, novos passatempos, outras preocupações, lidamos com a saudade de outras formas, temos a agradável companhia de Luna Maria (e a saudade de Yoshi, que não pode vir…), nos habituamos às pessoas, à alimentação, conhecemos vários lugares e ainda conheceremos tantos outros, experimentamos vários queijos e vinhos (e caracóis também, por que não?), recebemos hóspedes e que receberemos outros! Um ano passou muito rápido!

Annecy

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