Roteiro no Marrocos com criança: erros e acertos

Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Tantas semelhanças que nos aproximam, e tantas diferenças que nos separam, uma ilusória impressão de familiaridade que guia o olhar e deixa a atenção aguçada, procurando em permanência os pontos em comum. Um mar de contrastes que se mostram pouco a pouco, ao longo do caminho entre o aeroporto e nossa hospedagem. Esse foi meu primeiro contato com a África, tendo o Marrocos como porta de entrada, um país reputado pela hospitalidade com crianças, e que fica a duas horas de voo de casa.
Leia outros roteiros de viagem:

Nossa primeira viagem ao Marrocos com criança

Foi no feriado de pascoa que cruzamos pela primeira vez o mediterrâneo rumo ao continente africano, numa viagem cheia de descobertas e expectativas. O voo noturno nos privou da vista aérea das paisagens do nosso destino pela janelinha. Desembarcamos no novissimo e maravilhoso aeroporto de Fes Saïss pouco depois de meia noite. Confesso que meus olhos merejaram quando os pés finalmente tocaram o solo africano. Juntos, nós três estávamos visitando o nosso terceiro continente. Fomos passar cinco dias entre Fès e Meknès, com uma visita à Volubilis e Moulay Idriss.
Outras viagens que fizemos com bebê:

Imigração no Marrocos

Depois de termos preenchido os formulários de entrada no Reino do Marrocos, receber o novo carimbo no passaporte, passar pelo controle de segurança, “Vocês tem drone?”, “Não” e somos dispensados do controle de raio-x na bagagem. Viajamos com passaporte italiano e não há necessidade de visto de entrada no Marrocos, assim como brasileiros também são dispensados de visto para estadias curtas com fins de turismo.
Crianças abrem portas no país, e a hospitalidade com elas tem fama merecida. Com Vic no colo que tentava meio dormir, meio ver o que acontecia, entender onde estávamos, finalmente ganhamos o exterior do aeroporto. A brisa fresca da noite de fim de primavera soprava, nos obrigando a manter os casacos sobre o corpo.
Aeroporto de Fès

Mesmo nosso voo tendo chego com uma hora de atraso em relação ao horário previsto inicialmente, o motorista de táxi que o riad (nossa hospedagem em Fès) havia contratado pra gente nos esperava com um sorriso de boas-vindas no rosto. Ele nos levou até a entrada da medina, onde nos aguardava um funcionário do riad, que nos acompanhou até nossa hospedagem. Percorremos a miríade de becos que formam o labirinto que é a medina de Fès, e felizmente fomos guiados, pois é provavel que ficassemos até a manhã procurando o riad.

Riad: hospedagem prática no Marrocos com crianças

Optamos pela hospedagem em riad, bem no coração da medina, pela praticidade de poder voltar rapidinho pra garantir a soneca do Vic. Outro aspecto que nos fez optar por essa acomodação é o estilo arquitetônico um pouco diferente dos hoteis tradicionais. Em Fès, ficamos no Riad Tayba* , que nos contactou rapidamente para saber sobre nosso horário de chegada e se ofereceu o serviço de transfer do aeroporto, que foi essencial e nos esperou mesmo com todo o atraso que nosso voo teve. Veja aqui mais opções de hospedagem em Fès*.
Em Meknès ficamos no riad Bab Berdaine*, mas numa próxima ida o Riad Ritaj* ganhou meu coração quando passei pela porta e meu queixo caiu ao ver o interior! Veja aqui mais opções de hospedagem em Meknès*. Uma segunda possibilidade de hospedagem que certamente testarei é hospedagem em casa de família, tamanha a fama de hospitaleiros tem os marroquinos, e por querer realmente viver essa experiência.
Ambos os riads ficam bem proximos das atrações que visitamos, e isso facilitou muito a logistica das sonecas, pois nem carrinho levamos pro Vic – e não vimos tantos assim, as marroquinas caregam os bebês em echarpes nas costas, e Vic foi carregado grande parte do tempo quando ficava cansado, nas costas do pai no canguru.marrocos com criança

Deslocamento: taxi x aluguel de veículo

Depois de pesquisar sobre o acesso à Volubilis, nossa principal razão por termos nos hospedado em Meknès, e sobre o trajeto de trem entre Fès e Meknès, optamos por não alugar carro no Marrocos, pois os deslocamentos era curtos e poderiam ser feitos tranquilamente de taxi ou trem. Para quem ficar mais tempo e pretende percorrer distâncias maiores, o aluguel de carro é uma excelente opção, as autoestradas do Marrocos são como as autoestradas europeias, com pedágio e excelentes pistas, e as estradas secundárias também são boas. O combustível é bem barato por lá.

Do aeroporto pro riad fomos de taxi, que tinha sido reservado pelo proprio pessoal do riad. De Fès à Meknès fizemos uma viagem de trem que durou cerca de meia horinha, nos permitiu apreciar com calma a paisagem, e deixou o coração apertado pois esquecemos o “Acunta” no vagão (jamais nos perdoaremos).

A ideia era voltar de Meknès à Fès de trem, e ir de taxi da estação até o aeroporto, mas na véspera da volta decidimos ver com um taxista quanto ele cobrava pra fazer a viagem, e o preço ficou 200 dirhams mais barato que nosso riad propunha (o riad em Fès cobrava a taxa habitual da corrida noturna). Assim, combinamos nossa volta de taxi mesmo de Meknès até o aeroporto de Fès, viagem que dura menos de uma hora, e pagamos 300 dirham pela corrida.

É importante atentar à diferença entre os tipos de taxis: os grandes taxis fazem os percursos entre cidades e cobram valores fixos pela corrida – podendo ser negociados – enquanto os pequenos taxis circulam nas cidades e cobram valores por pessoa para um determinado trajeto (ou então vale pedir pra ligar o taximetro, mas multiplicar o valor da corrida pelo numero de passageiros indo àquele destino).

Última viagem do Acunta, que foi viajar pelo Marrocos de trem :'(

Preços de trem e taxi que pagamos no Marrocos em março de 2018

Do aeroporto à Fès : 200 dirham (noite) 150 dirham (dia)

De Fès à Meknès : 22 dirham por pessoa

De Meknès à Volubilis : 350 dirham por 4 horas de passeio

De Meknès ao aeroporto de Fès : 300 dirham

Com os erros aprendi…

Que não existe viagem redonda, que são os erros que constroem o estilo de viagem que buscamos, e no fundo, ficaram como um aprendizado importante que vai nos orientar nas próximas idas ao país. Porque é fato que embarquei de volta dizendo “até logo”. Volto pra casa com a sensação de que vimos apenas um grão de areia na imensidão da África, e o que acalma o coração é saber que duas horas de voo nos separam no norte desse continente cheio de belezas e que é um pouco o berço do mundo. Em breve publicarei os posts com dicas do que fazer em Fès e Meknès.

marrocos com criança

3 Responses

  1. Rita

    Olá. Qual idade tinha seu filhinho quando foram ao Marrocos? Pretendo ir com o meu que terá 1 ano e 2 meses.

    • Natalia Itabayana

      Ei Rita! Ele tinha 2 anos e meio quando fomos! É um bom destino com crianças!

  2. Érica

    Que bacana, amei o relato…quanta riqueza de cultura para uma criança. Sonho conhecer o Marrocos e seu posto me encorajou mto a ir com meu pequeno. Obrigada por dividir!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.